Secretário extraordinário da COP30 descarta fazer conferência fora de Belém

6 de agosto de 2024

Valter Correia da Silva, que encabeça a organização da COP30 pelo governo federal, reforçou a promessa de Lula de realizar o evento na capital paraense. 

A COP30 acontecerá em Belém e não dividirá o evento com outras cidades brasileiras. Essa é a posição do secretário extraordinário do governo federal para a organização da conferência, Valter Correia da Silva. Responsável pela parte logística da COP, o secretário reconheceu que os desafios de Belém são grandes, mas sinalizou que a capital do Pará estará preparada para a ocasião. 

“Desde que o presidente [Lula] anunciou que seria em Belém, nunca se pensou em outra possibilidade. Dividir, vai dividir problemas, mais custos. Só dá dor de cabeça”, afirmou o secretário ao Estadão. “A COP foi pensada desde o começo na Amazônia. O simbolismo daquele local é grande. Sair de lá e fazer outra parte no Rio [de Janeiro] ou em São Paulo seria maluquice”.

Um dos principais gargalos de Belém para a realização da COP30 é a rede hoteleira, com capacidade baixa para comportar a quantidade de pessoas que o evento deve trazer ao Brasil. Em particular, a falta de leitos de luxo preocupa, já que pode dificultar a vinda de chefes de estado e de governo durante o segmento de alto nível da COP.

Além de parcerias para reformar hotéis e adaptar instalações existentes para receber os participantes, os governos paraense e federal também contam com a possibilidade de navios de cruzeiro atracarem no porto da cidade. Mesmo com essas medidas, ainda persistem dúvidas sobre a capacidade de Belém em receber a COP, ao menos na dimensão que o evento adquiriu nos últimos anos.

“Tem uma orientação da ONU que é para se voltar para os números anteriores [à COP28, realizada nos Emirados Árabes no ano passado], porque Dubai, realmente, foi um pouco fora da curva. Foram mais de 100 mil pessoas que ficaram transitando”, disse Silva. “Há uma orientação da gente tentar reduzir o número de credenciados”.

Além da rede hoteleira, as autoridades também esperam que as chamadas “hospedagens alternativas” absorvam parte da demanda dos participantes da COP. O Globo destacou um exemplo dessas hospedagens, os domos de caroço de açaí. Projetada por uma startup, essa estrutura é feita de madeira de jatobá, com cobertura térmica, 65% de material reciclado e parte do revestimento interno de caroço de açaí.

Segundo os responsáveis pelo projeto, cada domo tem seis metros de diâmetro, banheiro interno e pode acomodar até seis pessoas. A estrutura é totalmente desmontável e de 80% a 90% dela pode ser reaproveitada em outras instalações.

Ainda sobre infraestrutura, o Estadão informou que o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM-PA) decidiu suspender a compra de ônibus elétricos pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém. A compra faz parte do projeto de preparação para a COP30 pela prefeitura de Belém. O município pretendia comprar 30 ônibus elétricos pelo valor de R$ 3,6 milhões. Segundo o TCM-PA, as condições de compra poderiam resultar em um gasto superior a R$ 10 milhões, com risco de “uso indevido de recursos públicos”.

Em tempo 1: A infraestrutura logística é apenas um dos desafios da COP30. A agenda política de negociação é outro abacaxi para o governo brasileiro, que quer aproveitar a conferência para impulsionar a ação climática no próximo ciclo de compromissos nacionais sob o Acordo de Paris. O Brasil enxerga espaço para que a COP de Belém também discuta outros dois tópicos importantes para o país (e igualmente desafiadores do ponto de vista das negociações): adaptação a eventos extremos e Justiça Climática. “O Brasil pode trazer outros temas que não estavam planejados para a COP30”, disse Ana Toni, secretária nacional de mudanças climáticas, ao Valor.

Em tempo 2: Enquanto isso, os ruralistas preparam mais um show de horrores no Congresso Nacional. Segundo a Repórter Brasil, o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) está tentando emplacar uma subcomissão na Câmara para desfilar a ignorância do negacionismo climático. O parlamentar também quer participar da COP30 para “desmentir” a crise climática. A proposta conta com apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), contrariando a posição formal da própria bancada sobre o tema.

 

ClimaInfo, 7 de agosto de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar