
Inundação glacial é lembrete do risco das barragens de neve e gelo que se rompem, fenômeno que pode ameaçar 15 milhões de pessoas no mundo.
Moradores de Juneau, capital do Alasca, limparam suas casas encharcadas depois que um lago represado pela Geleira Mendenhall cedeu, causando a pior inundação na cidade até o momento, em um fenômeno que se tornou anual. De acordo com estimativas iniciais, pelo menos 100 casas e alguns negócios foram danificados pelas águas que subiram rapidamente na semana passada. Em algumas áreas, carros flutuavam em águas que chegavam ao peito, enquanto as pessoas corriam para evacuar. As águas recuaram na quarta-feira (7/8), e o nível do rio estava baixando.
A inundação aconteceu porque uma geleira menor nas proximidades recuou – uma consequência das mudanças climáticas, frisa o Guardian – e deixou uma bacia que se enche de água da chuva e do derretimento da neve a cada verão. Quando a água cria pressão suficiente, como aconteceu, ela força seu caminho sob ou ao redor da barragem de gelo criada pela Geleira Mendenhall, entra no lago e eventualmente segue para o rio de mesmo nome.
As inundações causadas por rompimentos glaciais já saíram da bacia mais de 30 vezes desde 2011, lembra o Washington Post. É desafiador prever exatamente quão grandes elas serão, pois as condições mudam a cada ano. Os icebergs na bacia continuam derretendo, adicionando mais água ao reservatório, e a geleira que atua como barragem continua afinando e recuando. Além disso, a inundação glacial é um lembrete do risco global das barragens de neve e gelo que se rompem – um fenômeno chamado jökulhlaup, pouco conhecido nos Estados Unidos, mas que pode ameaçar cerca de 15 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Também na semana passada, uma comunidade do Alasca localizada perto do Oceano Ártico quebrou preliminarmente o recorde histórico de temperatura mais alta já registrada tão ao norte no estado. Na tarde de terça-feira (6/8) a temperatura atingiu 31,6°C em Deadhorse, quase 2.000 km ao norte de Juneau, superando o recorde histórico do local de 29,4°C, estabelecido em 13 de julho de 2016, informa o Weather Channel.
Para se ter ideia do que isso significa, a temperatura máxima média em Deadhorse atinge seu pico em julho, com 12,7°C, de acordo com o Alaska Climate Research Center – ou seja, a temperatura da semana passada foi quase 2 vezes e meia a máxima comumente registrada. Em agosto, a temperatura máxima média é mais próxima de 10°C .
Temperaturas muito acima do normal também atingem a zona ártica do vizinho Canadá. Uma onda de calor que atualmente paira sobre a região, 209 km ao norte do Círculo Polar Ártico, ameaça quebrar o recorde histórico de calor da região, segundo o Guardian. Embora a subida dos termômetros tenha levado alegria a moradores da região, também trouxe preocupações como a ameaça de incêndios florestais e o derretimento do permafrost, levando alguns a se perguntarem se a tendência crescente de clima ameno pode ter um custo alto demais – custo climático que já está bastante elevado em outras partes do planeta.
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ClimaInfo, 13 de agosto de 2024.
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