Brasil em chamas: fumaça dos incêndios no Pantanal e na Amazônia equivale a 5 anos de poluição em SP

13 de agosto de 2024
NASA colunas de fumaça Pantanal
NASA

2024 já é o ano de maiores emissões de gases estufa advindas de incêndios florestais no Brasil desde 2005, segundo o observatório climático europeu Copernicus.

Imagens publicadas pela NASA na 2ª feira (12/8) mostram imensas colunas de fumaça oriundas de incêndios florestais na Amazônia. A impressionante fotografia, tirada no dia 4 de agosto por um satélite da agência espacial dos Estados Unidos – o mesmo usado pelo Brasil para monitorar a atividade do fogo no país –, revela focos de incêndio no Pará e no Amazonas. Neste último, 22 municípios estão sendo atingidos pela fumaça, que cobriu a capital Manaus.

A NASA cita o nível “fora do comum” dos incêndios na Amazônia em julho, que bateu recorde de duas décadas, com mais de 11 mil focos registrados pelo INPE, lembra o Um só planeta. O registro é 93% maior que os 5.772 focos registrados em julho do ano passado e 111% maior que a média para o mês nos últimos 10 anos (5.272).

Com Amazônia e Pantanal sendo devastados por incêndios, o ano de 2024, mais de quatro meses antes de seu fim, já é o de maiores emissões de gases estufa advindas de incêndios florestais no Brasil desde 2005, afirma o observatório climático europeu Copernicus. Dados da agência europeia publicados pelo cientista sênior Mark Parrington mostram que o fogo nos dois biomas este ano fez com que os estados de Mato Grosso do Sul e Amazonas registrassem o nível mais alto de emissões de CO2 a partir de incêndios florestais desde 2003.

De acordo com o Copernicus, até o dia 6 de agosto os dois estados somavam 73,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente (t/CO2e) em emissões. Esse volume liberado pelos incêndios florestais em sete meses equivale a mais de cinco vezes o total emitido pela cidade de São Paulo em um ano inteiro, destaca o Um só planeta. Além do efeito catastrófico para o clima, a fumaça das queimadas tornam o ar local perigoso para a saúde.

Tanto o Pantanal como a Amazônia vivem secas severas, que chegaram bem antes do período habitual e criam o ambiente propício para incêndios, a maior parte deles de origem criminosa. Na região amazônica, a baixa vazão dos rios gera efeitos em cascata, explica o Metrópoles, como dificuldades no transporte e aumento dos preços das mercadorias. Com a fumaça das queimadas, os problemas respiratórios se agravam.

A situação na Amazônia chama atenção porque o bioma registra quedas sistemáticas no desmatamento enquanto vive uma disparada das queimadas. “Similar ao que ocorreu em 2007 e 2010, temos um aumento das queimadas com queda no desmatamento, indicando que, de fato, houve e há agora um comprometimento com o combate à destruição da floresta pelos governos. O problema é que as condições para isso estão ficando mais complexas: os recursos para os fiscais e brigadistas continuam escassos. O desequilíbrio climático se manifesta cada vez com mais força”, pontua Gustavo Faleiros, editor de Investigações Ambientais do Pulitzer Center, na InfoAmazonia.

Em tempo 1: No Pantanal, além do fogo, outro risco ronda o bioma: a retomada de um projeto para transformar o rio Paraguai, uma das principais artérias do Pantanal, em uma rota industrial de navegação para produtos como soja e açúcar, informa o Guardian. Os defensores afirmam que a hidrovia reduziria os custos e o tempo de exportação de commodities agrícolas. Mas os críticos alertam que sua criação – que envolve a construção de novos portos, possivelmente retificação de curvas e meandros, e dragagem em grande escala – causaria danos irreversíveis ao Pantanal e à sua vida selvagem. “Parece um preço alto a pagar: destruir o Pantanal, um dos sistemas únicos do mundo, para reduzir o preço dos grãos”, disse Carolina Joana da Silva, professora da Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT).

Em tempo 2: O governo da Bolívia solicitou ao Brasil apoio para combater incêndios florestais. No Pantanal, área de fronteira entre os países, a Serra do Amolar foi atingida pelo fogo recentemente. O pedido de ajuda foi enviado à Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e é avaliado pelo Itamaraty, informam g1, Carta Capital e Correio do Estado. O país vizinho solicitou o envio de aeronaves para “ataques aéreos a focos de incêndio e para transporte pessoal e de carga” e também pediu o envio de brigadistas ou bombeiros militares para o controle das chamas em terra.

 

ClimaInfo, 14 de agosto de 2024.

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