Segundo análise do Instituto Escolhas, todo ouro brasileiro comprado pela Alemanha e 71% do metal importado pela Itália vêm de áreas amazônicas com garimpo ilegal.
A ilegalidade segue sendo a marca na cadeia brasileira do ouro. Um estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Escolhas apontou que mais de 90% do ouro brasileiro importado por países europeus no ano passado teve origem em áreas com alto risco de ilegalidade, principalmente nos estados de Amazonas e Pará.
De acordo com a análise, 94% do ouro comprado pela União Europeia do Brasil pode ter vindo de áreas de garimpo ilegal. Além do metal comprado direto do garimpo, parte substancial do ouro brasileiro vendido aos europeus também passou pelo estado de São Paulo, onde estão sediadas boa parte das distribuidoras de títulos e valores mobiliários (DTVM) que servem como intermediárias da operação.
No total, a Europa importou cerca de 1,7 tonelada de ouro do Brasil em 2023, dos quais 1,5 tonelada saíram de áreas de alto risco de ilegalidade. Isso significa que pelo menos US$ 93 milhões dos US$ 99 milhões comercializados no ano passado podem ter vindo do garimpo ilegal na Amazônia.
Os principais importadores de ouro brasileiro foram a Alemanha, com quase 1,3 tonelada, avaliada em US$ 78 milhões, e a Itália, com 254 quilos do metal. Segundo o Instituto Escolhas, todo o ouro comprado pelos alemães no Brasil saiu de áreas com risco de ilegalidade; já os italianos compraram 71% do ouro brasileiro nessa condição.
“[As empresas compradoras de ouro da Europa] não podem dizer que tem uma política responsável de compras. Essas empresas não têm ideia de onde ele foi extraído e quem o vendeu aos comerciantes para exportação”, afirmou Larissa Rodrigues, diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, à Reuters. “A União Europeia tem muitos pontos cegos na sua política de due diligence”.
CNN Brasil e Folha também repercutiram a notícia.
Em tempo 1: Por falar em garimpo, o governo federal trabalha com a meta de acabar definitivamente com a extração ilegal de ouro e outros minérios da Terra Indígena Yanomami até o fim de setembro. Segundo o diretor da Casa de Governo em Boa Vista (RR), Nilton Tubino, a intenção é fechar definitivamente o cerco aos garimpeiros que ainda atuam no território para avançar na implementação de novas políticas para a proteção das comunidades indígenas Yanomami. A Folha de Boa Vista deu mais detalhes.
Em tempo 2: Ainda sobre o garimpo ilegal, a Polícia Federal e a FUNAI realizaram uma operação de fiscalização no último sábado (10/8) na Terra Kayapó. Os agentes encontraram e destruíram uma balsa de garimpo, estimada em R$ 250 mil, e também apreenderam uma caminhonete e um barco tipo voadeira. Um homem foi identificado como dono do garimpo fluvial e responderá a inquérito policial. A notícia é do g1.
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ClimaInfo, 15 de agosto de 2024.
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