Segundo a instituição, título vincula retornos financeiros dos investidores à remoção de carbono, diferente de acordos anteriores vinculados à venda de créditos de emissões evitadas.
Em vez de pagar para manter a floresta em pé, remunerar a recuperação da vegetação destruída. De forma resumida, esse é o diferencial do título que o Banco Mundial negociou na semana passada. O bond, com vencimento em julho de 2033, tem valor de US$ 225 milhões para serem aplicados no reflorestamento da Floresta Amazônica.
A emissão marca o 1º título da instituição a vincular os retornos financeiros dos investidores à remoção de carbono, diferente de acordos anteriores vinculados à venda de créditos de carbono provenientes de emissões evitadas, informa o Investing.com. Assim, os retornos dos compradores estarão vinculados ao impacto climático das novas árvores, em vez de à redução de emissões por meio da contenção do desmatamento, explica a Bloomberg.
A taxa de retorno será de pelo menos 1,745% ao ano, garantida pelo Banco Mundial, mas pode ter um incremento de até 4,362%. A parcela variável, destaca o Capital Reset, está atrelada à venda de créditos de remoção de carbono pela Mombak à Microsoft, pré-acordada no fim do ano passado. A startup é uma das que tentam transformar a restauração de áreas degradadas em um negócio de grande escala.
Sediada no Brasil, a Mombak vai receber US$ 36 milhões para a execução de seus projetos. Contudo, para receber esses valores, a empresa terá que atender metas mínimas de hectares reflorestados, toneladas de carbono removido do ar e receita – os “outcomes”.
Segundo o Banco Mundial, a startup usará esses recursos para adquirir ou firmar parcerias com proprietários de terras na Amazônia para reflorestar a área com espécies de árvores nativas. Os créditos de carbono produzidos pelos projetos, calculados com base na quantidade de carbono removido pelas árvores plantadas, serão então vendidos para a Microsoft.
Veja e BNC Amazonas também noticiaram o lançamento do título para o reflorestamento amazônico do Banco Mundial.
Em tempo: Em entrevista à Folha, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que os países com florestas precisam ser remunerados mesmo após atingirem o desmatamento zero. Uma das apostas para isso é o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, sigla em Inglês), iniciativa do governo brasileiro proposta na COP28 e que Marina almeja lançar na COP30, em Belém. Segundo cálculos do governo, o TFFF pode render R$ 8 bilhões anuais ao país. “Os países seriam beneficiados mediante o compromisso de, pelo menos, 20 anos de manutenção das florestas, e o fundo se compromete a pagar também por, pelo menos, 20 anos, para que haja tempo de ir buscando outras alternativas que não sejam converter floresta em outras atividades”, explicou a ministra.
ClimaInfo, 20 de agosto de 2024.
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