Granada aciona “cláusula de furacão” para adiar pagamentos de títulos da dívida pública

Furacão Beryl temporada perigosa 2024 OMM
NOAA Goes East satellite

Primeiro-ministro Dickon Mitchell estimou que os danos causados pelo furacão Beryl foram equivalentes a cerca de um terço da produção econômica anual do país caribenho.

A ilha caribenha de Granada se tornou o 1º país do mundo a usar a chamada “cláusula de furacão” em um título de dívida governamental. Trata-se de uma medida especial que permite adiar os pagamentos da dívida após um grande desastre natural.

A medida foi tomada após o furacão Beryl causar destruição em várias ilhas do Caribe no mês passado. Em Granada, o primeiro-ministro Dickon Mitchell estimou que os danos causados foram equivalentes a aproximadamente um terço da produção econômica anual do país, informa a Reuters.

O ministério das finanças de Granada informou que a “perda modelada” para a economia causada por Beryl foi superior a US$ 30 milhões. Com a “cláusula do furacão”, o país não fará os próximos pagamentos agendados de seu título soberano que vencem em 12 de novembro e 12 de maio do próximo ano, totalizando pouco mais de US$ 12,5 milhões. Esse dinheiro será adicionado aos pagamentos subsequentes do valor principal do título, de US$ 112 milhões, que serão pagos em uma única parcela até o final do seu prazo, em 2030.

Já no Malawi, na África, o governo recebeu um seguro de US$ 11,2 milhões devido a uma seca devastadora que levou o país a declarar estado de desastre no início do ano, relata a AP. O Malawi tinha uma apólice de seguro contra secas por meio do banco e do Grupo de Capacidade de Risco da África, uma agência da União Africana.

Os recursos irão apoiar a assistência alimentar a cerca de 235.000 famílias em algumas das regiões mais afetadas do país e também ajudar com pagamentos de alívio direto para mais de 100.000 famílias, segundo o Banco Africano de Desenvolvimento.

Em tempo 1: Os “catastrophe bonds”, títulos que têm gerado retornos enormes para investidores, agora estão em xeque. Emitidos por seguradoras, resseguradoras e governos em busca de uma camada extra de cobertura contra desastres climáticos, os bonds têm proporcionado retornos de dois dígitos para os investidores, mas seus emissores estão no prejuízo. As reclamações surgiram em julho, quando o “catastrophe bond” da Jamaica não foi acionado pela devastação causada pelo furacão Beryl. Embora a ilha tenha sido oficialmente declarada uma área de desastre, os termos do título protegeram seus detentores de perdas. No fim, foi decidido que o nível preciso de pressão atmosférica necessário para o pagamento ao país não foi alcançado, explica a Bloomberg.

Em tempo 2: O furacão Ernesto, com ventos sustentados em torno de 145 km/h, continua sua trajetória rumo ao norte e deve passar próximo ao Canadá Atlântico até hoje (20/8), informam Washington Post e AP. A tempestade recuperou força no domingo, um dia após atingir as ilhas Bermudas e depois de ter causado correntes de retorno perigosas e mortais ao longo da costa leste dos EUA. O olho do furacão estava localizado a cerca de 515 km a sudeste de Halifax, Nova Escócia, e esperava-se que passasse perto do sudeste de Newfoundland, com previsão de possíveis inundações na costa canadense.

 

ClimaInfo, 20 de agosto de 2024.

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