Eventos extremos podem transformar o Mediterrâneo em “campo minado” para navegação

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Matt Hardy/Unsplash

Temperaturas cada vez mais altas no Mediterrâneo intensificaram a frequência de tempestades anormais como a tromba d’água que afundou um superiate na costa da Sicília.

O naufrágio de um superiate na costa da Sicília na última 2ª feira (19/8) surpreendeu não apenas pelo perfil das vítimas – um grupo abastado de passageiros, que incluía o bilionário britânico Mike Lynch. A tromba d’água que resultou no desastre também chamou a atenção pelas potência e rapidez com que se formou e se desfez sobre o Mar Mediterrâneo.

Um fator que pode explicar esse fenômeno cada vez mais frequente é o aquecimento das águas do Mediterrâneo. Como apontou a Reuters, a temperatura da superfície do mar ao redor da Sicília nos dias que antecederam o naufrágio era de cerca de 30oC, quase três graus acima do normal. “Isso cria uma enorme fonte de energia que contribui para essas tempestades”, disse Luca Mercalli, presidente da sociedade meteorológica da Itália.

Ao Guardian, Mercalli aprofundou a explicação. “Por exemplo, há 30 anos um evento desse tipo poderia ter trazido ventos de 100 km/h. Hoje, são 150 km/h porque temperaturas do mar três graus mais altas significam uma quantidade enorme de energia para tempestades, e quando o ar frio chega, é explosivo”.

De acordo com o serviço climático do observatório Copernicus, da União Europeia, o Mediterrâneo bateu seu recorde histórico de calor na última 5ª feira (15/8), quando a temperatura média na superfície da água atingiu 28,56oC e mediana de 28,9oC. Este é o segundo verão consecutivo com recordes de calor no Mediterrâneo.

O naufrágio aconteceu perto do porto de Porticello, onde o iate Bayesian atracou devido ao mau tempo. A poderosa tromba d’água durou apenas alguns minutos, atingindo uma área restrita. Mesmo equipado com o que há de mais moderno em segurança e tecnologia, a embarcação não conseguiu resistir e naufragou, deixando pelo menos cinco mortos. 

Como o Financial Times observou, os desastres marítimos estão ficando mais comuns com o clima mais extremo. Na semana passada, uma tempestade repentina e excepcionalmente forte atingiu as Ilhas Baleares, na Espanha, o que resultou em diversas embarcações encalhadas nas praias. 

Independent e Newsweek também abordaram o fenômeno da tromba d’água e como o clima extremo está contribuindo para mais desastres no mar.

Em tempo: Ainda na Sicília, a ilha italiana sofre com uma forte seca que está transformando a paisagem. Os campos verdes estão dando lugar a descampados secos, castigados por temperaturas que superam os 30oC semanas a fio durante o verão. A ilha, a maior e mais populosa do Mediterrâneo, corre risco de desertificação. Nos últimos seis meses de 2023, o registro de chuvas chegou a míseros 150 milímetros, causando a pior crise hídrica da história siciliana. O Guardian deu mais informações.

 

ClimaInfo, 22 de agosto de 2024.

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