O órgão admite que a situação pode piorar com uma nova onda de calor nesta semana e autoriza contratação de brigadistas em todas as regiões.
“É uma situação extrema. A La Niña já era para estar operando, já era para a gente estar em outra situação. A gente está bastante assustado, porque uma nova onda de calor está se formando com muita força e deve ser sentida no Brasil inteiro” – esta fala do presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, resume o que ainda se deve enfrentar por causa das queimadas em todo o país. E o sofrimento não será apenas nesta semana, mas nos próximos meses, informam Valor, O Globo e Metrópoles.
A situação deve continuar crítica nos próximos dois meses em função da seca que chegou antes do tempo previsto em algumas e regiões e vem assolando boa parte do território brasileiro. O g1 elaborou uma sequência de gráficos e mapas que retratam o momento atual das queimadas. Na maioria dos casos, a fumaça que encobriu as cidades tem origem em incêndios próximos. Mas há dias um fluxo de ventos transporta fuligem de incêndios da Amazônia e do Pantanal para todo o Brasil e países vizinhos. Os “rios voadores”, que distribuem umidade da Floresta Amazônica, viraram “rios de fumaça”.
O clima seco dificulta a dissipação da fumaça e eleva o risco de incêndios em outras áreas brasileiras. São Paulo teve focos de queimada inéditos para o mês de agosto. Minas Gerais registra neste mês a maior taxa de incêndios em 13 anos. Em Mato Grosso, houve um aumento de 260% em relação a agosto do ano passado. No mesmo período, o aumento foi de 3.316% em todo o Pantanal. Agosto também registra mais da metade de todos os focos de incêndio do ano na Amazônia, e o dobro para o Cerrado no mesmo mês quando comparado com 2023.
Referência mundial em estudos da crise climática, o cientista Carlos Nobre concorda com a tese do governo de que quase a totalidade desse fogo tem origem em ações humanas, e boa parte delas criminosas. Segundo Nobre, não há explicação natural para a proporção das chamas dos últimos dias, destaca o Congresso em Foco.
Enquanto a Polícia Federal investiga os incêndios, o IBAMA reforça as ações antichamas. Uma das estratégias em análise é a contratação de aeronaves de pulverização agrícola adaptadas para o combate às queimadas.
Além disso, o IBAMA autorizou a contratação de brigadistas para todas as regiões, informa a Folha. Serão esquadrões de 10 a 36 brigadistas, além dos chefes das brigadas, conforme as demandas dos municípios.
Em tempo: Enquanto a fumaça das queimadas no estado de São Paulo chegava a Brasília e cobria o Congresso Nacional no domingo (25/8), parlamentares da bancada ruralista usavam suas redes sociais para disparar notícias falsas acusando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de estar por trás dos incêndios florestais, relata a Agência Pública. O MST publicou uma nota repudiando as falsas acusações: “Essas alegações sem fundamento têm como único objetivo desviar a atenção das verdadeiras causas dos incêndios e nos criminalizar por lutarmos por uma Reforma Agrária justa e sustentável”. O movimento destacou que as queimadas no interior paulista, que vêm ocorrendo em áreas de produção canavieira, são “sintomas de um modelo de agronegócio insustentável que domina o campo brasileiro”.
ClimaInfo, 28 de agosto de 2024.
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