ONU alerta para riscos com elevação acelerada do Oceano Pacífico

27 de agosto de 2024

Novo relatório detalha impactos do aumento do nível do mar nas ilhas do Pacífico; Guterres destaca risco de desaparecimento de comunidades e pede mais apoio.

Para as pequenas nações insulares do Pacífico, a crise climática é uma corrida existencial contra o tempo. A cada dia que passa sem ações substanciais do resto do mundo para reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa e, com isso, conterem o aquecimento global, fecha-se uma janela de oportunidade para se evitar o pior – o que, no caso dessas comunidades, é seu próprio desaparecimento da face da Terra.

Um novo relatório divulgado nesta 3a feira (27/8) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) destacou como a região do Pacífico é particularmente vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, em especial a elevação do nível do mar. Esse problema é ainda mais dramático no Pacífico, onde esse aumento foi três vezes mais rápido do que a média global para as últimas três décadas.

Em grande parte do Pacífico tropical ocidental, o nível do mar subiu aproximadamente de 10 a 15 centímetros, quase o dobro da taxa global desde 1993. No Pacífico tropical central, a elevação foi de 5 a 10 cm. Em termos anuais, a taxa média de elevação do nível do mar entre janeiro de 1993 e maio de 2023 foi de cerca de 4,52 milímetros por ano.

O documento também sistematiza informações sobre os principais eventos climáticos extremos registrados no Pacífico em 2023. No total, 34 eventos de risco hidrometeorológico nessa região resultaram em mais de 200 mortes e impactaram a vida de 25 milhões de pessoas. Em destaque, estão os ciclones Kevin e Judy, que atingiram a pequena Vanuatu com 48 horas de diferença em março, e o tufão Doksuri que causou pelo menos 45 mortes nas Filipinas em julho.

A divulgação do relatório acontece durante o encontro do Fórum das Ilhas do Pacífico, que ocorre nesta semana em Tonga. O secretário-geral da ONU, António Guterres, que participa do evento, reiterou suas cobranças por mais urgência dos governos no enfrentamento da crise climática e de seus impactos ao redor do mundo.

“Uma catástrofe mundial está colocando este paraíso do Pacífico [Tonga] em perigo. A razão é clara: gases de efeito estufa – gerados predominantemente pela queima de combustíveis fósseis – estão cozinhando nosso planeta. E o mar está absorvendo esse calor”, destacou Guterres.

Em discurso em Tonga, o chefe da ONU elogiou a liderança dos países insulares do Pacífico nas negociações internacionais sobre clima e manifestou apoio à chamada “Estratégia 2050 para o Continente Pacífico Azul”, que visa reforçar medidas de adaptação e construção de resiliência para as comunidades sobreviverem aos efeitos das mudanças climáticas.

“A ambição dos estados insulares do Pacífico por um futuro livre de combustíveis fósseis é um projeto para o G20 e para o mundo. Mas a região precisa urgentemente de financiamento, capacidade e tecnologia substanciais para acelerar a transição e investir em adaptação e resiliência”, reforçou o secretário-geral.

AFP, Associated Press, BBC, CNN, Guardian e Reuters repercutiram o estudo da OMM sobre os impactos da crise climática na região do Pacífico.

 

ClimaInfo, 28 de agosto de 2024.

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