Somente em agosto mais de 3,5 milhões de hectares foram queimados, a maior área incendiada desde 2012, quando foi iniciado o monitoramento do bioma.
A Amazônia encerrou seu pior mês de agosto na história em área queimada por incêndios florestais, de acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ. Foram 3.505.300 hectares queimados até 6ª feira (30/8), de acordo com dados espaciais compilados pelos pesquisadores. Trata-se do maior território incendiado na região registrado desde 2012, quando iniciou-se o monitoramento do bioma.
Até agora, o pior agosto havia sido o de 2020, quando 2.536.600 hectares foram consumidos pelo fogo. E com os números do mês passado, a área queimada na Amazônia neste ano totaliza 5.043.525 de hectares, segundo o LASA/UFRJ. É uma área equivalente ao território da Costa Rica, e maior que países como Dinamarca e Bélgica, explica o Um só planeta.
Segundo dados do INPE, o bioma registrou mais de 61 mil focos de queimadas de 1º janeiro até sexta passada. Apenas entre os dias 23 e 30 de agosto, 1.453.775 hectares – quase um terço de toda a área queimada no ano – foram atingidos por incêndios, concentrados no cinturão sul da Amazônia.
O programa BDQueimadas, do INPE, mostrou que o estado do Amazonas teve seu pior agosto em termos de queimadas desde 1998, quando o órgão iniciou o monitoramento, informa o g1. Parte do território amazonense está encoberto por uma mancha de fogo de quase 500 km de extensão, captada pelo satélite europeu Corpenicus. O problema também afeta Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e agora o Pará, formando um verdadeiro “cinturão do fogo”.
O Acre ultrapassou os 1,7 mil focos de queimadas no mês de agosto na 5ª feira (29/8), ainda de acordo com o INPE. O número é 27% maior do que os 31 dias de igual mês no ano passado. Em 20 de agosto o governo do Acre decretou situação de emergência em saúde pública devido à intensificação da seca e dos focos de incêndio, relata o g1.
Abrigando os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, o Mato Grosso é o líder em incêndios no Brasil neste ano, destaca o g1. Somente em agosto, foram contabilizados mais de 13,6 mil focos, superando o total de janeiro a julho deste ano. Ao todo, o Mato Grosso soma 24,8 mil focos neste ano.
Txai Suruí chama atenção para o “cenário apocalíptico” que as queimadas provocam na Amazônia e em outros biomas. E lembra que seus efeitos atingem todo o país, além de agravarem as mudanças climáticas.
“Os riscos são maiores para quem está mais próximo às queimadas, mas as fumaças podem viajar quilômetros de distância. Viu-se isso alguns anos atrás, quando as fumaças das queimadas na Amazônia atingiram São Paulo. Neste ano, chegaram a Porto Alegre, cobrindo a cidade de fumaça. E não é só isso. As queimadas emitem gases de efeito estufa, acirrando ainda mais as emergências climáticas”, frisou ela, em artigo na Folha.
Em tempo 1: O IBAMA aplicou multas a duas empresas após constatar que um incêndio de grandes proporções no Pantanal foi provocado por trabalhadores que realizavam serviço de manutenção em uma linha férrea no município de Corumbá (MS). Somadas, as multas ultrapassam R$ 100 milhões, informa o g1. A queimada, que consumiu mais de 17 mil hectares de vegetação, teve início em 16 de agosto, e o fogo só foi controlado sete dias depois, em 23 de agosto. As chamas atingiram 12 propriedades rurais na região de Porto Esperança.
Em tempo 2: Setembro começou com risco elevado para incêndios em quase todo o estado de São Paulo. Com a elevação das temperaturas, a Defesa Civil do estado emitiu um alerta para os próximos dias. No sábado (31/8), pelo menos sete cidades paulistas registraram focos de incêndio: Morro Agudo, Pedregulho, Fernandópolis, Altinópolis, Indiana, Ribeirão Preto e Igarapava, informa a CNN.
__________
ClimaInfo, 2 de setembro de 2024.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.