Cacique Raoni: bancos devem parar de investir no desmatamento

Cacique Raoni bancos devem parar de investir no desmatamento
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Liderança histórica do movimento indígena, cacique Raoni reforça cobrança sobre instituições financeiras que seguem financiando o desmatamento da Amazônia.

Os Povos Indígenas são os maiores aliados da Amazônia, servindo como último bastião de proteção da floresta em seus territórios. Mas fora desses territórios os incentivos políticos e financeiros ainda vão no sentido contrário.

Em uma entrevista repleta de “puxões de orelha”, o cacique Raoni Metuktire, um dos maiores líderes indígenas do Brasil, conversou com a Bloomberg sobre o avanço do desmatamento e os efeitos das mudanças climáticas sobre a maior floresta tropical do planeta. Para ele, um dos obstáculos para a proteção da floresta é a persistência dos principais bancos do mundo em financiar atividades associadas ao desmatamento na Amazônia.

“Os bancos do seu país [Reino Unido] devem parar de enviar dinheiro para o Brasil, de investir no desmatamento. Devemos conversar juntos e cuidar do que resta da floresta, não apenas para o nosso bem, mas para o bem dos brancos e de todos”, disse Raoni no escritório da Bloomberg em Londres.

Raoni refletiu sobre como a floresta amazônica mudou em seus mais de 92 anos de vida. “A natureza estava ao nosso redor. Havia muitos animais. A floresta era grande. [Hoje] as pessoas já não desmatam 10 hectares de cada vez. Estão desmatando 10 mil hectares num fim de semana, com tratores”, disse. O Globo publicou a tradução da entrevista.

A cobrança de Raoni encontrou eco em um grupo de mais de 30 gestores de investimentos, representando cerca de US$ 8 trilhões de ativos. Em relatório publicado nesta 3a feira (3/9), o Institutional Investors Group on Climate Change (IIGCC) e a Finance Sector Deforestation Action (FSDA) reiteraram a necessidade dos principais bancos do mundo de interromper o financiamento a atividades que resultam no desmatamento. 

“O desmatamento é uma questão crítica no centro do nexo natureza e clima. Os bancos têm um papel descomunal a desempenhar na economia global e têm o potencial de efetuar mudanças no enfrentamento do risco de desmatamento”, comentou Stephanie Pfeifer, CEO do IIGCC. A Bloomberg deu mais detalhes.

Em tempo 1: O Movimento Amazônia em Pé, que reúne mais de 20 mil ativistas e 350 organizações, redigiu uma carta na qual manifesta “profunda preocupação” com a situação das florestas públicas na Amazônia Legal. O documento reconhece os esforços do governo federal na proteção dessas áreas, mas cobra “mais ambição”, especialmente no que diz respeito à demarcação de Terras Indígenas. A carta será entregue à ministra Marina Silva durante a Cúpula Social do G20, programada para novembro no Rio de Janeiro. A notícia é da Folha.

Em tempo 2: O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou o prazo para que o governo federal apresente um plano de medidas de combate ao desmatamento na Amazônia. A decisão atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), já que o governo federal não conseguiu cumprir o prazo inicial, expirado no último dia 26. O novo prazo termina na próxima 2a feira (9/9). Folha e g1 repercutiram a decisão.

 

 

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ClimaInfo, 4 de setembro de 2024.

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