Conclusão de Angra 3 custará R$ 23 bilhões, calcula o BNDES

4 de setembro de 2024
Eletronuclear Angra 3
eletronuclear.gov.br

É mais barato abandonar de vez as obras da termonuclear, além de nos poupar de uma eletricidade muito mais cara que a das fontes renováveis.

O BNDES entregou à Eletronuclear o estudo sobre a viabilidade técnica, econômica e jurídica de Angra 3. Para concluir a construção da usina termonuclear – projeto da ditadura militar que foi retomado décadas depois e novamente paralisado durante a operação Lava-Jato – o banco calcula que serão necessários gastos de R$ 23 bilhões.

O levantamento também mostra qual seria o custo do abandono definitivo do projeto. De acordo com o BNDES, esse valor seria de R$ 21 bilhões. Ou seja, menos do que seria necessário para concluir as obras de mais um trambolho atômico na costa do Rio de Janeiro, com capacidade instalada de 1.405 megawatts (MW).

A pequena diferença animou os entusiastas da energia nuclear, uma fonte de energia de alto risco, como mostram os acidentes com as usinas de Fukushima, no Japão, em 2011, e Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, entre outras. Um deles é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O que todo esse ânimo ignora, porém, é quanto a eletricidade de Angra 3 vai custar aos consumidores – e não é pouco dinheiro.

Os cálculos do BNDES mostram que a tarifa necessária para cobrir o gasto com a conclusão de Angra 3 é de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), informam Folha e Valor. Segundo a Eletronuclear, é um valor inferior à média das termelétricas a gás fóssil do Sudeste, de R$ 665/MWh. Mas muito superior ao das fontes renováveis de energia elétrica.

No último leilão A-5 realizado pelo governo federal, em 2022, a energia eólica foi contratada por um preço médio de R$ 171,20 por megawatt-hora. A eletricidade de projetos solares arrematados teve um valor médio de R$ 175,66/MWh. E mesmo usinas a biomassa negociadas no certame venderam energia a menos de um terço do valor da eletricidade de Angra 3, com preço médio de R$ 211,60/MWh, mostra o Instituto Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Em abril, O Tribunal de Contas da União (TCU) estimou um aumento médio de 2,9% nas tarifas elétricas com a operação da usina, mencionando estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para basear seu cálculo. Segundo o relator do processo, ministro Jorge Oliveira, as simulações da EPE apontaram custo médio de R$ 43 bilhões (como se não bastassem todos os demais subsídios cruzados que tornam impagável a conta de eletricidade para muitos brasileiros).

Calcula-se que cerca de R$ 12 bilhões já foram investidos na termonuclear. Ou seja, o custo total para concluir a usina, numa soma simples, chegaria a R$ 35 bilhões. O que doerá no bolso de todos nós. 

Brasil 247, Correio Braziliense, Petronotícias e O Povo também noticiaram o estudo do BNDES sobre os valores de Angra 3.




 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2024.

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