Preservação do bioma é uma corrida contra o tempo: além do desmatamento e da degradação florestal, os efeitos da crise climática intensificam as perdas ecossistêmicas.
A maior floresta tropical do planeta nunca esteve tão ameaçada. A Amazônia celebrou nesta 5a feira (5/9) o seu dia sem muitos motivos: mesmo com a queda recente na taxa de desmatamento, o bioma vive um cenário de devastação intensificada pelos efeitos da mudança do clima.
Como bem pontuou o Valor, a Amazônia vem sendo castigada pela crise climática, que diminuiu sua resiliência natural e colocou-a em uma espiral negativa de devastação. Em um ciclo vicioso, o enfraquecimento da floresta amazônica retroalimenta o processo de aquecimento do planeta, o que amplia a intensidade de seu “castigo” sobre o bioma.
O Globo trouxe dados de um estudo recente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) em parceria com o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). A análise concluiu que a queda acentuada observada nos níveis dos rios amazônicos no ano passado está diretamente relacionada às mudanças climáticas: a redução das chuvas na região amazônica decorre de alterações no processo de evaporação da água no Atlântico, principal fonte de umidade da bacia amazônica. Essas alterações são resultado do aquecimento excessivo do oceano, o que gera desequilíbrios na formação do vapor de água, que deixa de avançar sobre a floresta.
Os efeitos estão mais nítidos do que nunca. Pelo segundo ano seguido, a floresta sofre com uma forte estiagem que derrubou o nível dos seus rios, alguns para o menor patamar da história. A seca facilita a disseminação do fogo: em agosto, foram registrados 38.266 focos de calor no bioma, o pior agosto desde 2010.
“A floresta [está] entrando num processo de perda de umidade e se tornando vulnerável a incêndios. É uma química altamente deletéria, inimaginável”, explicou a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), citada pelo g1.
Em tempo 1: Giovana Girardi abordou na Agência Pública que o governo federal suspeita de uma nova estratégia que grileiros e desmatadores estão utilizando para devastar a Amazônia de forma mais fácil e econômica. Ao invés de desmatar grandes áreas de uma só vez, os criminosos derrubam algumas árvores de interesse comercial e, em seguida, incendiando a vegetação restante. O resultado é um salto na área degradada na Amazônia: de agosto de 2023 a julho de 2024, a degradação atingiu 25.924 km2, quase seis vezes a área com alertas de desmatamento no mesmo período (4.315 km2).
Em tempo 2: O Dia da Amazônia foi escolhido pelo governo Lula 3 para encerrar um período de seis anos sem demarcação de Terras Indígenas, conta Daniela Lima, no g1. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, autorizou nesta 5ª feira (5/9) a criação das TIs Maró e Cobra Grande, ambas no Pará, e Apiaká do Pontal e Isolados, em Mato Grosso.
ClimaInfo, 6 setembro de 2024.
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