Especialistas indicam reflexos em preço de alimentos, transporte de mercadorias e valor da conta de luz; governo prevê impacto reduzido no PIB, mas monitora estiagem.
A forte estiagem que atinge a maior parte do Brasil deve ter reflexos na economia, de acordo com especialistas ouvidos pela CNN Brasil. Entre os principais pontos, estão o encarecimento dos alimentos por conta da queda na produção agrícola e de problemas no transporte das mercadorias, além do aumento da conta de energia elétrica em virtude da seca nas usinas hidrelétricas e o acionamento das termelétricas.
Entre os itens que devem encarecer mais por causa da seca, estão a laranja e a banana, frutas populares entre os brasileiros, além do café. Os impactos na safra de grãos de 2025 ainda não são conhecidos, mas a expectativa de especialistas é de que a seca possa causar perdas de até 20% do volume total esperado.
A seca também preocupa distribuidoras e transportadoras de mercadorias. Como o Jornal da Band mostrou, muitos caminhões aguardam horas ou mesmo dias na estrada por causa de incêndios e fumaça no Centro-Oeste e no interior de São Paulo. Já na região Norte, a baixa dos rios dificulta a movimentação das balsas e atravanca o transporte de produtos eletrônicos da Zona Franca de Manaus.
Outro problema causado pela seca, como pontuamos aqui, é o encarecimento das contas de luz. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) elevou a bandeira tarifária para “vermelha patamar 1”, a 2ª mais cara do sistema.
A alta na energia é resultado do acionamento das usinas termelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) para suprir a energia que as hidrelétricas não geram por causa da seca. A previsão é de que as chuvas em setembro fiquem cerca de 50% abaixo da média, o que deve complicar essa equação para os próximos meses.
Para o governo federal, no entanto, ainda é cedo para falar em impactos significativos da seca na economia brasileira. O Valor informou que o Ministério da Fazenda projeta impactos pontuais na atividade econômica nacional – “nada de alarmante”, de acordo com uma fonte. Técnicos do governo monitoram a situação e avaliam que os impactos dependerão do prolongamento da estiagen e de eventuais reflexos na produção de energia.
Já na questão elétrica, a avaliação do governo federal é de que não há risco de desabastecimento. “O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] disse que coloca as térmicas para operar [se for necessário] e que não há risco de falta de energia”, pontuou o vice-presidente Geraldo Alckmin, citado pelo Valor.
Entre os produtores rurais, a expectativa ainda é de crescimento da produção agrícola do Brasil em 2024/25, especialmente em um cenário mais chuvoso a partir de outubro. O setor espera um crescimento de até 14% em relação à última safra, com uma produção estimada de 168 milhões de toneladas. A CNN Brasil deu mais informações.
ClimaInfo, 9 setembro de 2024.
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