Pantanal seco: rio Paraguai registra níveis negativos e projeções indicam pior estiagem da história

Pantanal seco rio Paraguai registra níveis negativos e projeções indicam pior estiagem da história
Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Fundamental para a sobrevivência da bacia pantaneira, o rio Paraguai sofre com a pior seca de sua história e registra níveis negativos de água. 

O rio Paraguai agoniza em plena seca pantaneira. A situação se aproxima do pior quadro da história, com o rio atingindo os níveis mais baixos de água em diversos trechos no Pantanal brasileiro. O colapso hídrico do Paraguai compromete não apenas sua navegabilidade, mas também intensifica o risco de fogo na vegetação ressecada.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), das 21 réguas que medem o nível dos mais de 2,6 mil km2 de extensão do rio Paraguai, 18 estão com medição menor do que o esperado para este momento do ano. Dessas, três réguas estão em patamares negativos.

Na última 6ª feira (6/9), a régua em Ladário (MS) indicou que o nível do rio estava em -25 centímetros, bem abaixo dos 3,53 metros esperados para este período do ano. As réguas de Porto Esperança e Forte Coimbra, ambas em Corumbá (MS), também apresentaram medição negativa, de -93 cm e -150 cm, respectivamente. A notícia é do g1.
Segundo o coordenador nacional do Sistema de Alertas Hidrológicos do SGB, Artur Matos, “o zero da régua não é o fundo do rio. Quando a régua foi instalada, lá em 1900 por exemplo como a de Ladário, o “zero” da régua foi determinado. Não se mudou a régua para se ter a mesma referência. Podemos comparar a partir da mesma referência”, contextualizou o especialista. Isso explica que algumas medições sejam negativas. 

A seca atual coloca mais pressão sobre a resiliência ecossistêmica do bioma. Mais do que a intensidade da seca, o que preocupa os especialistas é a recorrência de períodos secos nas últimas décadas, com temporadas chuvosas mais fracas do que o normal entre uma estiagem e outra, o que afeta a recuperação do Pantanal.

“O rio Paraguai entrou em modo seco sem sinal de alívio. As secas nos anos 1960 e 1970 foram graves, mas agora a situação climática é pior, há mais desmatamento, o que devasta as nascentes, aumenta a evaporação e causa assoreamento. Também é maior a demanda da população”, explicou Adriana Cuartas, especialista em recursos hídricos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (CEMADEN), ao jornal O Globo.

Esse quadro de seca só deve mudar a partir de outubro, com a volta das chuvas. Mesmo assim, a expectativa é de que a temporada chuvosa seja abaixo da média histórica, o que dificultará a recuperação hídrica do rio Paraguai e da bacia pantaneira como um todo. Campo Grande News e Correio do Estado também abordaram a seca no rio Paraguai.

Em tempo: Ainda sobre o rio Paraguai, ambientalistas estão criticando a insistência do governo federal em dragar trechos do rio para viabilizar o transporte de mercadorias do agronegócio e da mineração. Para eles, as obras contribuem para intensificar a seca, já que facilitam a saída da água da bacia pantaneira, esvaziando a planície alagável. Um grupo de 40 cientistas enviou uma carta à Presidência da República criticando a medida e pedindo ações que levem em consideração a situação atual do Pantanal. ((o)) eco deu mais detalhes.

 

 

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ClimaInfo, 10 de setembro de 2024.

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