Incêndios e queimadas fazem da Amazônia região que mais emite carbono no planeta

12 de setembro de 2024
Amazônia emissões recorde
Copernicus

Dados do observatório Copernicus indicam que o sudoeste da Amazônia foi a região que mais emitiu gases de efeito estufa do planeta na última semana.

A explosão de incêndios florestais e queimadas na Amazônia transformou o bioma em uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do mundo na última semana. De acordo com as medições do observatório europeu Copernicus feitas a partir de imagens de satélite, o sudoeste amazônico foi a região do planeta que mais liberou GEE na atmosfera nos últimos cinco dias.

O dado foi destacado pelo pesquisador Lucas Ferrante, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ao jornal O Globo. A conclusão é baseada no volume de aerossóis e de monóxido de carbono captado nessa área. Esses gases são associados a GEE como o dióxido de carbono, que também é liberado nos incêndios.

A Amazônia acumula mais de 82 mil focos de calor desde janeiro até 9 de setembro, o dobro do observado no mesmo período no ano passado e abaixo apenas dos números de 2007, quando o bioma registrou mais de 85 mil focos. Agência Cenarium, Metrópoles e R7 também repercutiram os dados.

Em parte, essa explosão dos casos de fogo na Amazônia está relacionada à seca histórica que o bioma atravessa neste ano, o que facilita as condições para a disseminação das chamas. No entanto, a causa do fogo pouco tem a ver com o clima: a ação humana direta é a principal responsável, com os incêndios intencionalmente provocados em áreas de floresta para facilitar a retirada da vegetação nativa, ou a queimada descontrolada de pastos.

O clima seco torna o fogo incontrolável, deixando áreas de floresta nativa mais expostas ao risco das chamas. Segundo o Monitor do Fogo, do IPAM e do MapBiomas, a área de floresta nativa queimada na Amazônia aumentou 132% em agosto passado na comparação com o mesmo mês de 2023. Cerca de ⅓ da área incendiada em todo o bioma é composta por vegetação nativa, áreas que não foram desmatadas previamente, como é comum nas ocupações ilegais da região.

“Normalmente são registradas queimadas em áreas agropecuárias com grande destaque para as áreas de pasto. Neste ano, parece que o clima tem impactado a tendência, infelizmente, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios”, explicou Ane Alencar, diretora de ciência do IPAM, ao g1.

A situação da Amazônia causa preocupações não apenas aos brasileiros. Em entrevista à CNN Brasil, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, defendeu uma ação coletiva global para evitar as queimadas na Amazônia e outros eventos climáticos extremos.

“A única maneira de vermos uma diferença no que estamos acompanhando em termos desses eventos extremos induzidos por mudanças climáticas é por meio da solidariedade global, ação global, para cumprir o Acordo de Paris”, disse Stiell.

Em tempo: Palco do infame Dia do Fogo em 2019, o município de Novo Progresso (PA) tem dois candidatos à prefeitura ligados a atividades de devastação florestal. O atual prefeito e candidato à reeleição, Gerson Dill (MDB), tem trajetória associada à exploração madeireira. Seu principal adversário é o ex-prefeito Juscelino Alves (PODEMOS), um piloto de avião que tem os garimpeiros como clientes. Como destacou a Repórter Brasil, além de ignorar a destruição da Amazônia em seus planos de governo, os dois candidatos defendem o legado antiambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

ClimaInfo, 13 setembro de 2024.

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