Um ano após 1ª enchente histórica, moradores do Vale do Taquari ainda esperam moradia

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Defesa Civil / RS

Demora coloca em risco recuperação da região, devastada por cheia em setembro de 2023 e outras duas enchentes, em novembro do ano passado e maio.

A tragédia climática que atingiu quase todo o estado do Rio Grande do Sul em maio deste ano começou bem antes para os habitantes do Vale do Taquari, na região central do estado. Há um ano, em 4 de setembro, chuvas torrenciais fizeram o rio Taquari chegar a 29 metros, 10 metros a mais do que a cota de inundação. Os estragos foram imensos. E até hoje nenhuma moradia definitiva foi entregue às pessoas que perderam suas casas.

A região sofreu duas outras enchentes históricas. Em novembro do ano passado, o Vale do Taquari foi a região gaúcha que mais sofreu com chuvas extremas que castigaram parte do estado naquele mês. E 6 meses depois, em maio, as tempestades quase contínuas durante todo o mês fizeram o rio Taquari subir a 33 metros – mais do que em setembro de 2023.

A demora em realocar os moradores de cidades como Muçum e Roca Sales, as duas mais atingidas pelas enchentes, coloca em risco a recuperação plena da região, destaca a Folha. Principalmente porque resulta de um “jogo de empurra” entre os governos federal e estadual sobre a responsabilidade pelo atraso na entrega das casas definitivas.

Enquanto isso, o que se vê são pessoas sofrendo, mesmo depois das águas baixarem. É o caso da confeiteira Graziele Mallmann. Moradora de Cruzeiro do Sul, ela ainda não conseguiu voltar para sua residência, informa o g1. “Cansa teu psicológico, cansa teu físico, tua saúde, teu mental, ele cansa tudo, sabe. A gente está na esperança de conseguir ter a casinha própria e fora da área de risco, que a gente não pegue enchente”, desabafou.

Em Lajeado, há um ano, Milton Alves da Silva enfrentava a primeira das três enchentes que levaram sua casa, invadida pela água das chuvas. Com 64 anos, ele tem lidado com uma batalha incessante contra a força das tragédias climáticas desse período. Para piorar, as enchentes de setembro de 2023 mataram sua esposa, Maria da Conceição Alves do Rosário, relata o g1.

Já na cidade de Encantado, 13 pessoas vivem em abrigos improvisados há um ano, informa a GZH. Elas aguardam apoio do poder público para uma solução de moradia definitiva e passaram por mais de um abrigo da cidade desde então. Após os temporais de maio, Encantado ainda tem 253 desabrigados, em cinco espaços.

Brasil de Fato e g1 também noticiaram o drama de moradores do Vale do Taquari.

Em tempo: As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em setembro, em novembro de 2023 e em maio deste ano, assim como a seca e os incêndios que castigam boa parte do país atualmente, mostram que a adaptação e a mitigação climáticas têm de estar na agenda política. Por isso, em ano de eleições para prefeitos e vereadores, é preciso cobrar planos climáticos de candidatos. E destacar iniciativas como a Bancada do Clima, uma aliança nacional de candidatos a vereador das cinco regiões do país para fortalecer a agenda ambiental dentro dos legislativos municipais, informam ((o))eco e Conexão Planeta. Em manifesto, os candidatos se comprometem a construir um plano com diretrizes para decreto de emergência climática nos municípios, com o objetivo de identificar, gerenciar e prevenir desastres climáticos no país, principalmente nas regiões mais vulneráveis. Além disso, se eleitos, também se comprometem a implementar soluções locais que respondam a desafios globais.

 

ClimaInfo, 17 setembro de 2024.

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