Neri Guarani Kaiowá foi morto a tiros durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra, sobreposta à TI Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS).
A lei do marco temporal, aprovada pelo Congresso no ano passado, matou mais um indígena. O jovem Neri Guarani Kaiowá foi morto a tiros na 4ª feira (18/9) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra, em Antônio João (MS). Uma mulher também teria sido atingida na perna por disparos de arma de fogo, e os barracos da retomada foram destruídos, informa o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A Força Nacional não estava em área.
A violência contra os Guarani-Kaiowá começou na madrugada e seguiu pela manhã. A Polícia Militar arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata. A ação dos policiais gerou revolta entre os indígenas, que rumaram para o local para onde o corpo foi levado. Novos confrontos ocorreram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo de Neri.
A Grande Assembleia Guarani-Kaiowá (Aty Guasu) disse em publicação nas redes sociais que a tropa de choque da polícia atacou uma área de retomada na fazenda que se sobrepõe à TI, relata o g1. Em nota, o governo de Mato Grosso do Sul informou que “o óbito ocorreu depois de um confronto e troca de tiros com a Polícia Militar em uma região rural da cidade”, destaca o UOL.
A FUNAI chamou a morte de Neri de “assassinato”, relata o Campo Grande News. O órgão informou que acionou a Procuradoria Federal Especializada para adotar as medidas legais cabíveis. Em nota, a FUNAI reforçou que tais atos são “inaceitáveis” e que está mobilizando todos os esforços para salvaguardar os Direitos e a segurança dos Povos Indígenas da região.
Os ataques contra a retomada ocorreram no mesmo local onde os indígenas receberam na 6ª feira (13/9) a Missão de Direitos Humanos organizada pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso aos Povos Guarani. Na semana passada, a missão percorreu o oeste do Paraná e, no Mato Grosso do Sul, visitou a TI Nhanderu Marangatu, além das retomadas da TI Panambi-Lagoa Rica, em Douradina.
Segundo os indígenas, atiradores “mercenários” estavam junto à PM durante o ataque realizado contra a comunidade. “Foi a PM. Já estão nos atacando desde antes da vinda da Missão de Direitos Humanos”, denunciou uma indígena ouvida.
A violência contra os Guarani-Kaiowá vem escalando de forma rápida e perigosa desde a aprovação da lei do marco temporal, mas infelizmente não é nova. Os conflitos ocorrem desde 2016, quando as tensões entre indígenas e fazendeiros pioraram, e se intensificaram no governo anterior.
Revista Fórum, CNN, Correio do Estado, Campo Grande News e O Globo também noticiaram o assassinato de Neri Guarani Kaiowá.
ClimaInfo, 19 setembro de 2024.
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