Estudo revela que unidades da JBS, Marfrig e Minerva foram abastecidas por pecuarista responsável pelo maior dano ambiental já registrado no Pantanal de Mato Grosso.
Pela enésima vez, os principais frigoríficos do Brasil são acusados de seguir fazendo negócios com criadores de gado com ficha corrida de crimes ambientais. Um estudo da organização Mighty Earth em parceria com a Repórter Brasil e a AidEnvironment revelou as ligações entre JBS, Marfrig e Minerva com o responsável pelo maior dano ambiental da história do Pantanal.
Segundo a análise, unidades desses frigoríficos estão processando gado criado pelo pecuarista Claudecy Oliveira Lemes. Desde 2022, ele é investigado pelo Ministério Público do Mato Grosso por utilizar 25 tipos de agrotóxicos, entre eles o 2,4-D, um dos compostos do chamado Agente Laranja, utilizado pelos EUA durante a Guerra do Vietnã. Promotores classificaram a ação como uma “guerra contra a Natureza”.
Uma das propriedades de Claudecy, a Fazenda Soberana, é fornecedora dos principais frigoríficos do país e abastece também quatro grandes redes de supermercado – Carrefour, Casino/Grupo Pão de Açúcar, Grupo Mateus e Sendas/Assaí. A propriedade foi uma das quatro de Claudecy a sofrer o desmatamento químico.
A análise também identificou áreas de desmatamento e incêndio em propriedades de Claudecy no último ano. Segundo o estudo, 70 alertas de fogo foram detectados em sua fazenda em Barão de Melgaço. Análises posteriores de imagens de satélite do INPE confirmaram que 3,447 hectares de vegetação foram destruídos na Fazenda Soberana entre outubro e novembro de 2023.
O MP-MT chegou a pedir em abril a prisão de Claudecy, o que foi negado pela Justiça mato-grossense. O pecuarista também foi multado em mais de R$ 5 bilhões por danos ambientais causados no Pantanal, valor recorde no estado. Essas multas não impediram que ele recebesse mais de R$ 10 milhões em financiamento do Banco do Brasil entre 2021 e 2022.
A Repórter Brasil deu mais detalhes. A RFI também repercutiu a análise.
ClimaInfo, 19 setembro de 2024.
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