
Fechada em 2019 por razões econômicas, a usina será reativada após acordo de fornecimento de energia para servidores de inteligência artificial da Microsoft nos EUA.
A Microsoft anunciou na última 6ª feira (20/9) um acordo com a empresa Constellation Energy para reativar a famosa usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia. Palco do pior desastre nuclear da história dos EUA e fechada em 2019 por razões econômicas, a usina fornecerá energia para os servidores de inteligência artificial da gigante do Big Tech, ao mesmo tempo em que contribuirá para reduzir a pegada de carbono da empresa.
Válido por 20 anos, o acordo prevê a retomada do reator da unidade 1 de Three Mile Island, com investimentos estimados de US$ 1,6 bilhão para o religamento da usina. A expectativa da Constellation é de que o reator volte a gerar energia em 2028, gerando mais de 800 MW de energia para a Microsoft. O valor total do negócio não foi confirmado, nem a localização das instalações da Microsoft que receberão a energia.
O anúncio é significativo por duas razões. Primeiro, pela própria usina em si, que habitou o imaginário popular nos EUA e ao redor do mundo nas últimas quatro décadas e meia por conta do fantasma da contaminação por radiação. Esse temor ganhou força em 1986, depois da explosão da usina nuclear de Chernobyl na antiga União Soviética (atual Ucrânia), e foi reforçado em 2011 pelo acidente na usina de Fukushima, no Japão.
Segundo, a retomada de Three Mile Island é o sinal mais forte do renascimento da indústria de energia nuclear nos últimos anos. De “bicho-papão”, a tecnologia voltou ao radar dos governos pela possibilidade de gerar energia 24 horas por dia sem emitir carbono. Um dos setores mais interessados na retomada da indústria nuclear é o de tecnologia, cuja demanda energética tem crescido exponencialmente com a ampliação da infraestrutura de inteligência artificial.
A Bloomberg abordou como o setor de tecnologia tem recorrido à energia nuclear para garantir uma oferta de energia com baixas emissões ou emissões zero. No começo do ano, a divisão de computação em nuvem da Amazon adquiriu um campus de data center conectado a uma usina nuclear, também na Pensilvânia, ao custo de US$ 650 milhões.
Associated Press, BBC, CNN, Financial Times, Guardian, POLITICO, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram a notícia.
ClimaInfo, 23 setembro de 2024.
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