Ativistas criticam falta de detalhes sobre planos climáticos de Harris nos EUA

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Reprodução Instagram sunrisemvmt

Recuo de Kamala Harris sobre veto ao fracking frustra ativistas jovens, que cobram mais ambição; Biden defende legado climático e ressalta ameaças de Trump.

A vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata à presidência dos EUA, começa a sentir a pressão de ativistas climáticos. Frustrados com mudanças recentes de posicionamento de Harris, especialmente na questão energética, grupos jovens intensificaram as cobranças para que ela dê mais detalhes sobre suas propostas de políticas climáticas.

Na última 2a feira (23/9), um grupo de ativistas ligados ao Sunrise Movement protestou em frente à residência de Harris em Los Angeles. Além de faixas, os manifestantes trouxeram itens como sofás e colchões queimados em incêndios recentes na Califórnia para destacar o impacto da crise climática e a necessidade de respostas efetivas, especialmente o fim dos combustíveis fósseis. O LA Times deu mais detalhes.

O estopim para os protestos foi uma fala de Harris durante o debate presidencial realizado no último dia 10. Nele, a vice de Joe Biden defendeu o aumento recente na produção de gás fóssil nos EUA e recuou de uma promessa antiga, ainda de sua malfadada campanha presidencial em 2020, de acabar com a exploração de gás por meio do fracking.

Essa tecnologia é bastante criticada por ambientalistas por conta dos impactos decorrentes do processo de fraturamento do solo, além do fato dele contribuir para que a economia norte-americana siga dependente de gás fóssil.

No entanto, a produção de gás por meio do fracking representa uma fatia importante da economia da Pensilvânia, estado crucial para a estratégia eleitoral de Harris nas eleições de novembro. Assim, o recuo da candidata democrata na defesa do veto ao fracking é visto como fundamental para manter as chances de vitória no estado.

A frustração parece mais forte entre os ativistas mais jovens, que representam uma fatia demográfica importante no tabuleiro eleitoral de Harris. A campanha democrata tenta manter um frágil equilíbrio em sua mensagem eleitoral, o suficiente para manter interesses tão díspares dentro da base da vice-presidente.

Para ativistas mais velhos, as cobranças são necessárias, mas não podem descambar em uma interdição à candidatura de Harris por parte dos defensores da ação climática nos EUA. Isso porque a alternativa a ela é nada mais, nada menos do que o negacionista-chefe da crise climática, o ex-presidente republicano Donald Trump.

“Isso não me deixa feliz [a defesa do fracking por Harris], mas é óbvio por que precisamos relativizar a questão”, comentou o ativista Bill McKibben, citado pela Bloomberg. “Essa eleição vai ser decidida muito provavelmente na Pensilvânia. E, por coincidência, tem muito fracking lá”.

Como a Bloomberg também observou, a campanha de Harris também tem abordado pouco os investimentos bilionários realizados pela gestão Biden em prol da geração de energia renovável nos EUA. Impulsionados pela Lei de Redução da Inflação (IRA), que consolidou o primeiro pacote de medidas climáticas da história dos EUA, a Casa Branca destravou quase meio trilhão de dólares em investimentos verdes.

Nessa frente, a tarefa tem sido assumida pelo próprio presidente Joe Biden. Em evento nesta semana em Nova York, ele destacou os avanços políticos dos EUA na agenda climática e reiterou o risco de retrocessos com uma volta de Trump ao poder.

“Ele [Trump] diz que revogaria o IRA, deixaria nossas fábricas [de carros elétricos e turbinas eólicas] fecharem e faria o mundo retroceder. A sua negação das mudanças climáticas condena as gerações futuras a um mundo mais perigoso”, disse Biden, que também lembrou de uma das teorias conspiratórias favoritas do antecessor. “E, a propósito, moinhos de vento não causam câncer”.

Guardian, NY Times e POLITICO, entre outros, repercutiram a fala de Biden em NY.

 

 

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ClimaInfo, 26 de setembro de 2024.

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