Planeta se aproxima de pontos de não retorno perigosos, mas a boa notícia é que populações se estabilizaram ou cresceram graças a esforços de conservação.
Às vésperas da COP16, conferência da ONU para a biodiversidade que começa em 21 de outubro em Cali, na Colômbia, um novo levantamento do WWF, feito em parceria com a Zoological Society of London (ZSL), traz importantes alertas para o futuro das espécies. Por um lado, o documento mostra que os números da destruição são assustadores. Mas, por outro, destaca que, com esforços de conservação e medidas para conter as mudanças climáticas é possível recuperar o estrago.
De acordo com a 15ª edição do relatório “Planeta Vivo 2024: Um Sistema em Perigo”, lançado na 4ª feira (9/10), o tamanho médio das populações de vida selvagem monitoradas no planeta sofreu uma redução de 73% em 50 anos, de 1970 a 2020, informam Um só planeta e Valor. O documento alerta que o planeta se aproxima de pontos de não retorno perigosos, e, de acordo com os autores, um “grande esforço coletivo será necessário nos próximos cinco anos” para enfrentar as crises do clima e da biodiversidade.
A América Latina e o Caribe registraram as maiores quedas médias nas populações de animais selvagens, com uma impressionante redução de 95%. Em seguida veio a África, com 76%, e a Ásia e o Pacífico, com 60%. Europa e América do Norte registraram quedas de 35% e 39%, respectivamente. Segundo os pesquisadores, isso se deve a declínios muito maiores nas populações de vida selvagem na Europa e na América do Norte antes de 1970, que agora estão sendo replicados em outras partes do mundo.
O estudo alerta que a perda pode se acelerar nos próximos anos à medida que a crise do clima se intensifica. As mudanças climáticas estão desencadeando pontos de inflexão na Floresta Amazônica, no Ártico e nos ecossistemas marinhos, o que poderia ter consequências catastróficas para a natureza e a sociedade humana, alerta o Guardian.
Por outro lado, o monitoramento revela populações que se estabilizaram ou cresceram graças a esforços de conservação, como o aumento de cerca de 3% ao ano entre 2010 e 2016 da subpopulação de gorilas-das-montanhas nas montanhas Virunga, na África Oriental, e a recuperação das populações de bisão-europeu na Europa Central. Áreas Protegidas têm sido a base dos esforços tradicionais de conservação, e atualmente cobrem 16% das terras do planeta e 8% dos oceanos.
Entre as proposições do documento para reverter a perda global de biodiversidade estão: revisões no sistema de produção e distribuição de alimentos; a aceleração da transição energética para fontes limpas, com o abandono dos combustíveis fósseis, os principais responsáveis pelas mudanças climáticas; e o redirecionamento de financiamentos para negócios que ajudem a recuperar os biomas e o clima.
O relatório se baseia no Índice Planeta Vivo (LPI, sigla em Inglês), desenvolvido pela ZSL. O índice mostra o tamanho médio das populações de vertebrados selvagens monitoradas – mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes. É uma mudança proporcional média nos tamanhos das populações de animais monitoradas ao redor do mundo, e não o número de animais ou populações perdidas. São quase 35 mil tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas entre 1970 e 2020.
DW, Le Monde, Washington Post, BBC e New York Times também noticiaram o estudo sobre biodiversidade.
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ClimaInfo, 11 de outubro de 2024.
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