Segundo a FECOMERCIO, as perdas podem ser ainda maiores, já que a Enel segue sem garantir um prazo para retomada total do fornecimento de energia.
A incompetência da Enel em restabelecer o fornecimento de energia elétrica no estado de São Paulo já causou perdas bilionárias para os setores de varejo e serviços. De acordo com a FECOMERCIO paulista, considerando o faturamento que deixou de registrar no período, os prejuízos brutos já somam cerca de R$ 1,65 bilhão.
Somente o varejo de São Paulo teve prejuízos de pelo menos R$ 536 milhões desde a noite da última 6ª feira (11/10), quando uma forte tempestade atingiu a região metropolitana e iniciou o apagão que persistia até a tarde de 3ª feira (15). As perdas foram ainda maiores no setor de serviços, com cerca de R$ 1,1 bilhão de prejuízo preliminar contabilizado.
O principal temor das empresas de varejo e serviços em São Paulo é a insegurança quanto à retomada completa do fornecimento de energia elétrica na região metropolitana da capital. A Enel, empresa concessionária responsável pelo serviço, segue sem definir um prazo máximo para a volta da energia a todos os seus clientes.
“Para a FECOMERCIO, é inaceitável que a maior metrópole brasileira sofra com constantes cortes de energia, como vem acontecendo nos últimos meses. Pior do que isso, a cidade não pode ficar tanto tempo sem eletricidade em meio a esses episódios. (…) A falta desse serviço básico acarreta problemas significativos para a população e prejuízos enormes ao empresariado”, destacou a entidade.
Na manhã de ontem, cerca de 214 mil imóveis continuavam sem energia elétrica na Grande São Paulo, segundo a Enel. A empresa reforçou suas equipes de manutenção, trazendo técnicos de outros estados e até mesmo de outros países onde atua. O Ministério de Minas e Energia também determinou que equipes de outras concessionárias atuassem emergencialmente no restabelecimento dos serviços elétricos na capital paulista. Folha, Metrópoles e O Globo deram mais informações.
De acordo com a Enel, a tempestade resultou na destruição de redes inteiras de distribuição, o que exigirá um esforço maior para reconstrução dessas redes, levando mais tempo do que o normal. Como a Folha destacou, a justificativa climática tem sido comum na resposta da concessionárias a episódios críticos de apagão: desde 2018, a empresa acumula mais de R$ 320 milhões em multas da ANEEL, mas pagou apenas 10% desse montante, escapando de punições mais severas.
Ao mesmo tempo, o quebra-cabeça regulatório do setor elétrico dificulta não apenas a punição à concessionária, mas também a fiscalização e a realização de medidas preventivas, como a poda de árvores. O Globo mostrou como todas as instâncias do poder público – prefeitura, estado e União – se mostraram incapazes de fiscalizar e garantir o fornecimento desse serviço básico à população paulista.
“O que temos agora é uma nova realidade, com eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas. Esses eventos estão nos pegando desprevenidos, e o setor elétrico não está preparado para lidar com isso. É uma nova situação”, comentou Fernando de Lima Caneppele, professor da Universidade de São Paulo (USP), à CartaCapital. “Já existe tecnologia para tornar as redes mais resilientes. Não foi por falta de aviso, foi falta de preparo”.
Os dados da FECOMERCIO sobre os prejuízos causados pelo apagão em SP foram abordados por Band, CNN Brasil, Estadão, Folha, g1, Metrópoles, UOL. Valor e VEJA.
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ClimaInfo, 16 de outubro de 2024.
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