Baixaria de bolsonaristas marca audiência com Marina Silva na Câmara

Em um verdadeiro “show de horrores”, bolsonaristas trataram a ministra do Meio Ambiente com grosserias durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
17 de outubro de 2024
Baixaria de bolsonaristas marca audiência com Marina Silva na Câmara
Lula Marques/Agência Brasil

Não é à toa que muitos consideram a atual legislatura do Congresso Nacional como a pior de sua longa e tortuosa história. Noves fora o domínio do Centrão fisiológico, boa parte das cadeiras na Câmara e no Senado é ocupada hoje por parlamentares que buscam muito mais pela “lacração” nas redes sociais do que a formulação de políticas públicas de verdade, com foco no bem-estar da população brasileira.

Um exemplo disso foi visto na última 4ª feira (16/10) durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Em tese, a sessão discutiria a resposta do governo federal à crise dos incêndios na Amazônia, no Pantanal e em outras partes do país, e como o Legislativo poderia auxiliar nesses esforços. Mas não foi o que se viu, muito pelo contrário.

A participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, atiçou a ânsia ignorante e intolerante de parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um verdadeiro “show de horrores”, eles insultaram a ministra de toda forma, tentando obter os segundos preciosos de gravação para jogar depois à matilha nas redes sociais.

Por exemplo, a deputada Julia Zanatta (PL-SC) perguntou se Marina seria “capacho de ONGs”, o bicho-papão preferido da turma. “Capacho é quem faz discurso de encomenda. Mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa, faz discurso de encomenda, para fazer lacração. E vem aqui fazer acusações inverídicas. Isso é ser capacho”, disse a ministra, mesmo com a tentativa de Zanatta de interromper sua fala.

Já o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que presidiu a sessão, acusou a ministra de ser “adestrada” por seus assessores para escapar das perguntas dos parlamentares. Marina respondeu aos absurdos: “Adestramento é o quê? Quem é que é adestrado? Tenha santa paciência. O senhor [Vieira] não vai me dizer que sou uma pessoa adestrada”.

Outros parlamentares bolsonaristas classificaram Marina de “incompetente” por não conseguir conter a crise do fogo. A ministra devolveu lembrando o oportunismo do bolsonarismo, que passou quatro anos desmontando as políticas ambientais no Brasil. “Ambientalistas de conveniência, que nunca fizeram nada pelo meio ambiente e agora vêm com esse papinho de preocupação com incêndio, de preocupação com enchente. Isso é papinho de ambientalista de conveniência”, disse.

Em meio aos latidos bolsonaristas, Marina lembrou também que o Congresso Nacional dificultou a capacidade de resposta do IBAMA e dos órgãos da linha de frente contra o fogo por causa de cortes orçamentários impostos pelo Legislativo. “O Congresso aprovou, do pedido orçamentário que fizemos [R$ 122,7 milhões para o ICMBio], cerca de R$ 98 milhões, 13,8% menos do que solicitamos. Foi um corte feito pelo Congresso. A mesma coisa em relação ao IBAMA, foi feito um corte aqui de R$ 4,6 milhões dos R$ 61 milhões que havíamos pedido”.

O embate entre Marina e os deputados bolsonaristas no Congresso teve grande destaque na imprensa, com matérias na Agência Brasil, CartaCapital, CNN Brasil, Correio Braziliense, Estadão, Folha, g1, Metrópoles, O Globo e SBT.

 

 

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