
O ativista Paul Watson permanecerá detido na Groenlândia, onde está desde julho, enquanto a Dinamarca decide se o extraditará para o Japão, informou a polícia local na 4ª feira (23/10). Watson, de 73 anos, cidadão dos EUA e do Canadá, é fundador do grupo conservacionista Sea Shepherd e da Fundação Captain Paul Watson. O governo japonês emitiu um mandado de prisão internacional contra ele há mais de uma década, após acusar Watson de invadir um navio japonês no Oceano Antártico em 2010, obstruir seus negócios e causar ferimentos e danos materiais.
Os advogados de Watson já haviam dito que não era possível confiar no sistema judiciário do Japão para dar ao ativista um julgamento justo, e que a Dinamarca deveria negar o pedido de extradição. “Continuamos lutando para que o caso seja concluído”, disse seu advogado Jonas Christoffersen à Reuters, acrescentando que apelaria da decisão a um tribunal superior na Groenlândia.
Watson apelou ao presidente da França, Emmanuel Macron, por asilo político no país europeu, informam Guardian e Euronews. Seu pedido foi feito em uma carta, contou Lamya Essemlali, chefe da Sea Shepherd France, Macron já havia expressado seu apoio a Watson e enfatizado a importância do caso para a defesa ambiental e os Direitos Humanos.
Advogado associado à Sea Shepherd France, Jean Tamalet enfatizou que o pedido de asilo político foi amplamente simbólico e teve como objetivo garantir a libertação de Watson. Embora a equipe do presidente francês ainda não tenha respondido à carta, quando o ativista foi preso, em julho, o governo francês declarou que Macron estava “acompanhando a situação de perto” e “intervindo junto às autoridades dinamarquesas”.
Em tempo: O caso de Paul Watson não é o único de perseguições governamentais contra ativistas climáticos e ambientais. Vários países da Europa têm endurecido medidas contra manifestações, com penas de prisão por protestos em museus e por bloqueios em estradas, multas de milhares de euros por pichações e até mesmo acusações de terrorismo e de conspiração, relata a Folha. A situação chegou à ONU. No fim de 2021, pela primeira vez, houve a indicação de um relator especial da entidade para os defensores ambientais, sob a Convenção de Aarhus, um tratado internacional que estabelece os direitos do público de acessar informações, participar da tomada de decisões e buscar justiça em questões ambientais.