Empresas de gás fóssil europeias desistem de acordo para requalificar trabalhadores

A dependência da Europa ao gás fóssil, intensificada com a guerra na Ucrânia, ameaça atrasar os esforços da União Europeia para descarbonizar sua matriz energética.
31 de outubro de 2024
Empresas de gás fóssil europeias desistem de acordo para requalificar trabalhadores
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Um acordo da União Europeia para “reciclar” os trabalhadores da indústria do gás fóssil para a transição energética está sob risco de esvaziamento. Segundo o Financial Times, um grupo de empresas do setor – que inclui gigantes do Big Oil, como Shell, TotalEnergies e Equinor – se recusou a assinar o entendimento depois de meses de negociação sob a alegação de que a proposta teria “implicações legais”, sem detalhá-las.

As discussões em torno do acordo acontecem desde 2023. A ideia da UE é fornecer garantias de requalificação e proteção de empregos, em antecipação a futuras demissões em larga escala causadas pelo ocaso da energia fóssil. Além das empresas energéticas, a costura do acordo também incluiu sindicatos e representantes dos trabalhadores do setor.

A Eurogas, que representa as empresas europeias de gás, afirmou que, embora as negociações “não tenham resultado em um acordo-quadro formal, acreditamos que ainda podemos encontrar um ponto comum significativo”. A posição foi criticada pelos sindicatos, como a IndustriALL, que acusou as empresas de “privar os trabalhadores (…) de desenvolver uma resposta personalizada e específica para o setor aos desafios da transformação na indústria do gás”.

O impasse sobre o futuro do setor de gás fóssil reflete o quadro de extrema dependência da matriz energética europeia com esse combustível. Essa dependência ficou visível depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, quando a União Europeia impôs sanções ao regime de Vladimir Putin, que respondeu restringindo o fornecimento de gás aos países europeus.

Dois anos depois, a dependência do gás fóssil russo diminuiu, mas ainda é significativa, como destacou a Bloomberg. Antes da guerra, a Rússia respondia por 45% das importações europeias de gás; no ano passado, esse percentual caiu para 15%. No entanto, nos últimos meses, a demanda aumentou e o gás russo pode fechar o ano fornecendo cerca de 20% das importações europeias do combustível.

A Folha traduziu a reportagem do FT.

 

  • Em tempo: Um novo estudo calculou que as mortes prematuras causadas pelo uso de fogões a gás na Europa chegam a quase 40 mil por ano. Segundo a análise, essas mortes estão ligadas à exposição ao dióxido de nitrogênio decorrente da queima do gás de cozinha em ambientes fechados. Os fogões a gás também foram associados a centenas de milhares de casos de asma pediátrica nos países da União Europeia e no Reino Unido. O estudo foi publicado pela European Public Health Alliance. Bloomberg e Euronews deram mais detalhes.

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