Repressão política no Azerbaijão se intensifica às vésperas da COP29

Grupos acusam governo azeri de “esmagar” a oposição ao presidente Ilham Aliyev, com a detenção de ativistas e jornalistas dias antes da abertura da COP29.
5 de novembro de 2024
Repressão política no Azerbaijão se intensifica às vésperas da COP29
Diego Delso/Wikimedia

A poucos dias do começo da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), que acontece em Baku a partir da próxima 2ª feira (11/11), o governo do Azerbaijão intensificou a repressão contra adversários políticos e opositores do presidente Ilham Aliyev, além de jornalistas críticos ao governo.

Segundo organizações de Direitos Humanos, a onda de prisões acontece desde o final do ano passado, quando o país obteve o direito de sediar a COP, e ganhou força nas últimas semanas. Como o NY Times destacou, a repressão do governo azeri contra seus opositores surpreendeu até quem acompanha a situação política do país do Cáucaso.

“Não víamos uma repressão como essa há muito tempo”, lamentou Stefan Meister, pesquisador do Conselho Alemão de Relações Exteriores. Ao invés de atenuar a imagem do país na véspera da COP29, o governo de Aliyev parece mais preocupado em “eliminar tudo que pudesse levar a críticas em torno da COP”, disse.

Além de opositores, o governo do Azerbaijão prendeu pelo menos 12 jornalistas de veículos de mídia independentes. Ativistas de direitos humanos, críticos do regime ditatorial liderado por Aliyev, também foram alvo da repressão, como Anar Mammadi, preso há mais de seis meses depois de criar uma campanha que visava aproveitar a COP para pressionar as autoridades azeris por Direitos Humanos e Justiça Climática.

No Climate Home, a ativista Nargiz Mukhtharova descreveu a ação do governo azeri contra seu marido, o economista Farid Mehralizada, preso em maio passado depois de fazer críticas à dependência dos combustíveis fósseis por parte da economia do país.

“O que aconteceu com Farid reflete os riscos enfrentados por todos os ativistas e especialistas que defendem a Justiça Climática e o bem-estar social no Azerbaijão”, escreveu Mukhtarova. “Os participantes da COP29 devem reconhecer essas lutas – e estender sua solidariedade àqueles que se tornaram vítimas”.

A Folha traduziu a reportagem do NY Times sobre a situação dos Direitos Humanos no Azerbaijão antes da COP29.

  • Em tempo: A lista de líderes políticos que não participarão da COP29 aumentou nesta 3ª feira. Além das ausências confirmadas de nomes como Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China) e Lula (Brasil), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen também não viajará ao Azerbaijão para participar da cúpula de chefes de estado e governo. Segundo a Euronews, a relação de líderes "fujões", por assim dizer, também inclui os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da França, Emmanuel Macron. A Reuters também abordou a notícia.

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