
Números do INPE indicam que as porções de floresta nativa da Amazônia atingidas pelo fogo em 2024 totalizaram 4,6 milhões de hectares de 1º de janeiro a 31 de outubro. É uma área maior do que a da Dinamarca e equivalente a quase duas vezes o território do estado de São Paulo.
No mesmo período foram registrados 120.821 focos de incêndio no bioma. O número representa um aumento de 51% em comparação ao mesmo período em 2023 (79.998 focos) e é o maior registrado desde 2007, ano em que o país também sofreu forte estiagem, assim como a registrada atualmente, destaca ((o))eco.
Já segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), até 20 de outubro foram queimados 13 milhões de hectares em toda a Amazônia. Os dados do MMA são do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ e consideram toda a superfície do bioma amazônico. Já o DETER/INPE foca apenas em áreas de vegetação nativa, ou seja, florestas que deveriam ser mantidas em pé, mas que foram queimadas.
Apesar dos números assustadores, a temporada de incêndios florestais em 2024 começa a dar sinais de alívio. Houve diminuição de queimadas na Amazônia e no Cerrado, enquanto o Pantanal continua em alerta, apesar do fim do período de vazante do rio Paraguai e da chegada de alguma chuva na região.
Especialistas ouvidos por Um Só Planeta ressaltam características atípicas deste ano e chamam a atenção para uma marca das mudanças climáticas: o encurtamento do período entre um fenômeno extremo e outro. Anos repetidamente muito quentes e secos estão castigando os biomas de forma inédita, impedindo a recuperação natural de plantas e animais, uma situação que ainda precisa ser estudada para revelar a dimensão real deste impacto.
“No passado, observamos alguns anos com muita área queimada, mas tinha um intervalo maior entre um ano com muito fogo e outro. O que preocupa agora é que temos batido esses recordes cada vez em tempos menores, não dá tempo para a vegetação se recuperar. Esse sistema vai se retroalimentando, e o fogo em área florestal emite mais gases de efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas”, observa Vera Arruda, coordenadora técnica do MapBiomas Fogo e pesquisadora do IPAM.
Apesar do aparente alívio nos incêndios, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prorrogou por mais 60 dias a duração da Medida Provisória 1.259/2024, informa o Valor. A MP trata medidas excepcionais para ajuda financeira da União aos estados e Distrito Federal para adoção de ações de prevenção e combate a queimadas irregulares e de incêndios florestais.