Mesmo com Trump, ação climática continuará nos EUA, diz representante de Biden na COP29

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Reprodução/UNFCC

Retorno de Trump deixa EUA em situação delicada na COP29; enviado de Biden ressalta que, apesar do novo presidente, país seguirá engajado na luta climática.

Uma das coletivas de imprensa mais concorridas no 1o dia da COP29 de Baku nesta 2a feira (11/11) foi a do enviado especial do presidente dos Estados Unidos, John Podesta. Em sua primeira (e certamente única) participação em COPs nesta função, o representante norte-americano tentou demonstrar confiança na continuidade do engajamento do país na luta contra as mudanças climáticas, apesar do negacionismo expresso do presidente reeleito Donald Trump.

“Quero dizer a vocês que, embora o governo federal dos Estados Unidos, sob Donald Trump, possa colocar a ação climática em segundo plano, o trabalho continuará, com paixão e compromisso”, disse Podesta. Ele reconheceu que não há perspectiva de continuidade das políticas climáticas atuais no próximo governo, já que Trump tem uma “relação com as mudanças climáticas marcada pelo uso das palavras ‘fraude’ e ‘combustíveis fósseis’”. 

Apesar do desengajamento esperado em nível federal, Podesta argumentou que espera que outros atores, como governos estaduais e empresas, sigam apoiando as negociações internacionais sobre clima e dando prosseguimento aos compromissos dos EUA contra as mudanças climáticas, como aconteceu no 1o governo Trump (2017-2021).

“O apoio à energia limpa se tornou bipartidário nos EUA. 57% dos novos empregos em energia limpa criados desde a aprovação da Lei de Redução da Inflação [IRA] estão localizados em distritos representados por republicanos. Muitos republicanos, especialmente governadores, sabem que toda essa atividade é uma coisa boa para seus distritos, estados e para suas economias”, argumentou Podesta. A Agência Pública repercutiu essa fala.

Não são só os negociadores norte-americanos que estão incertos sobre o futuro da política externa dos EUA para o clima. Como O Globo destacou, o Brasil também teme que a troca de governo em Washington possa enfraquecer os resultados da cúpula do G20, que acontece no Rio de Janeiro na próxima semana.

A avaliação de representantes do governo federal é que Trump não respaldará alguns dos compromissos assumidos por Biden nas discussões do G20 deste ano, sob a presidência brasileira, como a taxação dos superricos.

Associated Press, Guardian e Reuters repercutiram a situação dos Estados Unidos na COP29. Já o NY Times abordou como a equipe de transição de Trump já desenha o desmonte das políticas climáticas do governo Biden.

Em tempo: Enquanto os EUA se aproximam (de novo) da porta de saída do Acordo de Paris, um antigo rival estreia nas negociações climáticas internacionais na COP29 de Baku. O Afeganistão participa pela primeira vez de uma COP desde seu retorno do grupo fundamentalista islâmico Talibã ao poder em 2021. De acordo com a Associated Press, os representantes do Talibã deverão participar como “observadores” na COP, e não como enviados oficiais do governo afegão. Isso porque a ONU e a maior parte dos países não reconhecem o domínio do grupo no país. O Afeganistão é um dos países mais castigados pelas mudanças climáticas no continente asiático, fragilizado pelos efeitos de mais de quatro décadas de conflitos armados.

 

 

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ClimaInfo, 11 de novembro de 2024.

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