COP29: “Paguem ou enfrentem o desastre do clima”, alerta secretário-geral da ONU

COP29 António Guterrez
UNFCCC Flickr

Para uma plateia com poucos líderes internacionais em Baku, António Guterres reforçou a urgência de ampliação do financiamento climático e mais ambição nos compromissos nacionais.

A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29) abriu nesta 3ª feira (12/11) sua cúpula de líderes mundiais com mais um discurso contundente do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a gravidade da crise do clima e a necessidade de mais ação. Infelizmente, a fala foi escutada por poucos líderes propriamente ditos, já que o encontro de Baku acabou esvaziado pela ausência de nomes de maior relevância.

Recepcionado pelo presidente do Azerbaijão e anfitrião da COP29, Ilham Aliyev, o chefe da ONU aproveitou seu discurso para martelar a necessidade de avanços significativos na Conferência de Baku como chave para o futuro do Acordo de Paris. Em especial, Guterres destacou a dificuldade crescente dos governos em concretizar o objetivo firmado na COP28 de Dubai, no ano passado, no qual se comprometeram a “se distanciar dos combustíveis fósseis” nos próximos anos.

“No ano passado, e pela primeira vez, o valor investido em fontes renováveis ultrapassou o valor gasto em combustíveis fósseis. E, em quase todos os lugares, a energia solar e eólica são as fontes mais baratas de eletricidade. Então, dobrar a aposta em combustíveis fósseis é absurdo”, disse Guterres. “A revolução da energia limpa está aqui. Nenhum grupo, empresa ou governo pode pará-la”.

Na questão do financiamento climático, tema central da agenda em Baku, o secretário-geral da ONU reiterou a urgência da ampliação do volume de recursos para ação climática nos países mais pobres e vulneráveis, especialmente para adaptação ao clima em mudança.

“A COP29 deve derrubar os muros do financiamento climático. Os países em desenvolvimento não devem deixar Baku de mãos vazias. Um acordo é essencial e estou confiante de que será alcançado. Precisamos de uma nova meta financeira que atenda ao momento”, disse Guterres.

Nesse sentido, o chefe da ONU indicou cinco elementos “essenciais” para o sucesso das negociações sobre financiamento: 1) um aumento significativo nos fluxos de recursos públicos concessionais; 2) uma indicação clara de como esses fundos públicos mobilizarão os trilhões de dólares necessários; 3) explorar fontes inovadoras, particularmente impostos sobre transporte marítimo, aviação e extração de combustíveis fósseis; 4) uma estrutura para maior acessibilidade, transparência e responsabilização; e 5) aumentar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento, com recapitalização e reforma em seus modelos de negócio.

Guterres também lembrou que o Fundo de Perdas e Danos, estruturado na última COP28, ainda conta com recursos escassos e precisa de mais doações para atender às necessidades urgentes das comunidades afetadas pelo clima extremo.

A fala de Guterres na COP29 foi abordada por diversos veículos, como CNN Brasil, Estadão, Exame, Reuters e Valor, entre outros. Já Associated Press e Deutsche Welle destacaram as ausências de líderes internacionais na cúpula de chefes de estado e governo em Baku.

Em tempo: Em paralelo ao encontro de (poucos) líderes internacionais em Baku, os principais bancos multilaterais de desenvolvimento anunciaram um compromisso de aumento do financiamento climático para países de baixa e média renda para US$ 120 bilhões por ano até 2030. De acordo com a Reuters, a nova meta representa um aumento de 60% em relação ao que o grupo dos 10 maiores bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo canalizaram às nações mais pobres no ano passado. O grupo inclui instituições como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Europeu de Investimento, entre outros.

 

ClimaInfo, 13 de novembro de 2024.

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