A expectativa inicial era de que o nome fosse divulgado durante a COP29; cotado para o posto, Alckmin enfrenta resistência no Itamaraty e no Planalto.
A definição do governo federal para a Presidência da próxima COP30 virou novela em Brasília. Depois do nome do vice-presidente Geraldo Alckmin ganhar força nos bastidores, o Palácio do Planalto deve adiar a escolha até o começo de 2025, provavelmente em janeiro. A movimentação frustra uma expectativa inicial de que o nome fosse formalizado ainda neste mês na COP29 de Baku.
De acordo com a Folha, o nome de Alckmin sofre resistência em alguns setores do governo, particularmente no Ministério das Relações Exteriores. A pasta defende a indicação do chanceler Mauro Vieira ou do embaixador André Corrêa do Lago, diplomata com larga experiência em assuntos de meio ambiente e clima. Outros nomes cotados para o posto, ligados ao Ministério do Meio Ambiente, são os da ministra Marina Silva e da secretária nacional de mudanças climáticas, Ana Toni.
Por hora, Alckmin seria o nome mais forte no “mercado de apostas” do governo. Como informado pelo Estadão, alguns fatores favorecem o nome do vice: o relacionamento direto com Lula, o perfil diplomático e conciliatório e a proximidade com setores estratégicos, como agronegócio, indústria e o setor de energia. Por outro lado, a falta de traquejo em eventos internacionais, especialmente com o idioma inglês, e o pouco conhecimento sobre clima seriam obstáculos a Alckmin na presidência da COP30.
Questionado pela Rádio Itatiaia durante a coletiva de divulgação da NDC brasileira na COP29 nesta 4a feira (13/11), o vice-presidente saiu pela tangente. “A designação do nome [para a Presidência da COP30] aguarde um pouquinho mais. Tem dois ansiosos na vida: jornalistas e políticos”, despistou.
Em tempo: Enquanto o governo faz mistério sobre o comando da próxima COP, outro brasileiro chamou a atenção nos corredores da COP29 em Baku – o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. Famoso pelos “rolês aleatórios”, o atacante pentacampeão mundial pela seleção brasileira foi um dos convidados de honra do governo do Azerbaijão para a COP. Sem muita familiaridade com a questão climática, ele não falou com a imprensa, mas tirou fotos com participantes.
No entanto, como O Globo destacou, a presença do antigo craque do Barcelona em Baku está mais relacionada ao esforço de greenwashing do governo do Azerbaijão. O país convidou outras personalidades internacionais para divulgar a COP29 no exterior e contrastar as críticas sobre a violenta repressão contra opositores e jornalistas e a dependência da economia nacional dos combustíveis fósseis.
“O rolê de Ronaldinho no Azerbaijão, chegando em um jato particular, acompanhado de um ex-vice-presidente da estatal de petróleo [Adnan Ahmadzada], pode até soar inusitado, mas não tem nada de aleatório. COPs são as principais trincheiras de enfrentamento político ao lobby dos combustíveis fósseis. E, por isso mesmo, são atulhadas de lobistas do combustível fóssil”, destacou a Central da COP do Observatório do Clima.
CNN Brasil, Folha e Estadão também repercutiram a passagem de Ronaldinho Gaúcho em Baku.
ClimaInfo, 14 de novembro de 2024.
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