
Enquanto os negociadores discutem o futuro do financiamento climático na COP29, uma nova análise divulgada nesta 5a feira (14/11) mostrou que a urgência do suporte financeiro aos países mais pobres e vulneráveis à crise do clima é cada vez maior. Segundo um grupo de economistas, os países em desenvolvimento precisam começar a receber pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2030, cinco anos antes do prazo em discussão em Baku.
Encabeçado pelo veterano economista britânico Sir Nicholas Stern, o Grupo Independente de Peritos de Alto Nível sobre Financiamento Climático analisou as necessidades dos países em desenvolvimento, com exceção da China, para o enfrentamento da crise do clima.
De acordo com o grupo, o investimento necessário para todo o planeta fica entre US$ 6,3 e 6,7 trilhões anuais até 2030. O valor é dividido entre transição energética, adaptação e resiliência às mudanças climáticas, perdas e danos e proteção da natureza e da biodiversidade.
A demanda por recursos é maior do que a observada em estudos anteriores, e esperar até 2035 para mobilizar recursos pode comprometer a capacidade de adaptação dos países mais pobres. Naquele ano, o valor global é projetado para US$ 7 a 8,1 trilhões – entre US$ 3,1 e 3,5 trilhões para os países em desenvolvimento menos a China.
“Qualquer déficit no investimento antes de 2030 colocará pressão adicional nos anos seguintes, criando um caminho mais íngreme e potencialmente mais custoso para a estabilidade climática. Quanto menos o mundo investir agora, mais precisaremos investir mais tarde”, destacou a análise. “Além disso, as necessidades de investimento para adaptação e resiliência, bem como perdas, danos e restauração da natureza, aumentarão acentuadamente à medida que os riscos climáticos e naturais aumentam.”
Os economistas indicam que a mobilização é viável para os próximos anos. Porém, é preciso construir um sistema financeiro, priorizando impacto e mudanças sistêmicas. Os recursos devem vir de fontes variadas: investimentos do setor privado, bancos multilaterais de desenvolvimento, doações diretas de países desenvolvidos, direitos de saques especiais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e novas formas de tributação, como taxas sobre o transporte marítimo e aéreo.
Al-Jazeera, Climate Home, Guardian e Reuters repercutiram a análise.