Grupo inclui executivos da JBS, da empresa de produtos farmacêuticos para animais Elanco e da PepsiCo, além de associações comerciais que representam o setor alimentício.
Não é de hoje que as conferências do clima da ONU vêm sendo “invadidas” pelas corporações, especialmente por aquelas cujas atividades têm impacto direto no agravamento das mudanças climáticas. Com a COP29 não tem sido diferente. Além das empresas do setor de combustíveis fósseis, a cúpula deste ano também registra um número expressivo de lobistas do agronegócio.
A análise do DeSmog, feita em parceria com o The Guardian, foi divulgada na 3ª feira (19/11), dia da COP29 dedicado à alimentação. Segundo o levantamento, 204 delegados do setor agropecuário participaram das negociações neste ano. Entre eles estão representantes de algumas das maiores empresas agroindustriais do mundo, como a processadora de carnes JBS, a empresa de produtos farmacêuticos veterinários Elanco e a gigante alimentícia PepsiCo, além de grupos comerciais que representam o setor de alimentos.
O número total de lobistas do agro diminuiu em comparação com os recordes alcançados na COP28, em Dubai. Mas o DeSmog ressalta que os dados mostram que as conferências climáticas continuam sendo uma prioridade para empresas que atuam na agricultura, setor responsável por até um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, e seu peso nas delegações nacionais é crescente.
Os lobistas do agro viajaram para Baku como parte das delegações de países como Brasil, Rússia e Austrália, entre outros. Este ano, quase 40% dos delegados participaram da cúpula com credenciais de representação nacional, o que lhes deu acesso privilegiado às negociações diplomáticas. A título de comparação, na COP28 foram 30%, e apenas 5% na COP27, no Egito.
Somente o setor de carne e laticínios enviou 52 representantes para a cúpula deste ano, sendo que 20 viajaram integrando a delegação do governo brasileiro. Juntos, superaram em número a delegação da ilha caribenha de Barbados, que em julho foi devastada pelo Furacão Beryl, um desastre associado às mudanças climáticas.
Gigantes da agroindústria vão às COPs com estratégias de comunicação sofisticadas para conquistar tomadores de decisão. Produtores de carne e laticínios, em particular, estão sob crescente escrutínio devido à poluição causada pelos gados bovino e ovino, que responde por cerca de um terço das emissões globais de metano. Além disso, a agricultura contribui para o desmatamento e depende de fertilizantes sintéticos, que são baseados em combustíveis fósseis e emitem gases de efeito estufa.
An Lambrechts, estrategista sênior de campanhas da Greenpeace International, destacou o claro conflito de interesses entre a presença do agronegócio nas negociações e a necessidade de ações climáticas. “Vemos o mesmo conflito de interesses com a indústria de combustíveis fósseis e como ela atua para desviar o mundo do alcance das ações e soluções necessárias para combater as mudanças climáticas e lidar com seus impactos”, disse.
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ClimaInfo, 20 de novembro de 2024.
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