Bacia do rio Paraguai tem volume de chuvas similar ao semiárido em 2024

O rio vem se recuperando desde novembro, após quase 80 dias de marcas negativas, mas as cotas ainda seguem abaixo do normal para essa época.
16 de dezembro de 2024
Bacia do rio Paraguai tem volume de chuvas similar ao semiárido em 2024
Ducaraleo

A seca histórica no Pantanal fez o bioma se tornar particularmente vulnerável aos incêndios florestais, quase todos eles provocados por ação humana, criminosa ou não. Além disso, a falta de chuvas “secou” a bacia do rio Paraguai, a ponto de fazer esse rio registrar seu menor nível desde 1900.

Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que de 2023 a 2024 a bacia do Paraguai registrou o pior volume de chuva da série histórica, iniciada em 2000. A precipitação média anual foi de 702 milímetros, semelhante à encontrada em regiões de clima semiárido no país (menor que 800 mm), explica a Folha.

Se for considerada apenas a área do Pantanal, o volume de chuva observado no bioma foi de 670 mm. Um volume muito inferior à média de 950 mm esperada para o ano, de acordo com dados do INPE.

Apesar da série histórica da bacia ser relativamente curta, com 25 anos, outros dados confirmam que a seca é sem precedentes, diz Marcus Suassuna, engenheiro hidrólogo do SGB. Um deles é justamente o menor nível desde 1900, atingido em 18 de outubro.

O levantamento sobre a precipitação durante o ciclo de chuvas, que vai de outubro a setembro, apontou para um déficit hídrico de 36% na bacia, uma vez que a média anual esperada é de 1.095 mm. O Pantanal, porém, tem vivido secas severas e prolongadas desde 2019.

Na 5ª feira (12/12), o Rio Paraguai chegou a 74 centímetros de altura, um mês após começar a deixar de registrar marcas negativas, informa o Diário Corumbaense. Segundo o SGB, as chuvas na região do Pantanal contribuem para elevar o nível do rio Paraguai, mas as cotas ainda estão abaixo do considerado normal para o período do ano.

“Considerando os anos mais críticos do histórico, como referência, é provável que [a estação de] Ladário se mantenha abaixo de 100 cm até a segunda quinzena de dezembro”, informou o último boletim do serviço.

 

  • Em tempo: A  Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) encaminhou a modelagem da concessão da hidrovia do rio Paraguai para o Ministério de Portos e Aeroportos na 5ª feira (12/12). O projeto compreende uma extensão de 600 km, desde o trecho entre Corumbá (MS) e a foz do rio Apa, no município de Porto Murtinho (MS), ao leito do canal do Tamengo. Segundo a CNN, estima-se que o transporte de cargas do rio Paraguai suba para 25 milhões e 30 milhões de toneladas a partir de 2030, após a concessão. No ano passado, a hidrovia transportou 8 milhões de toneladas de cargas, um aumento de 73% sobre 2022. Resta saber se as mudanças climáticas vão permitir haver água suficiente no rio para esses planos.

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