Carvão aumenta emissão de gases-estufa em energia produzida em 2023

Carvão aumenta emissão de gases-estufa em energia produzida em 2023
Divulgação CGT Eletrosul

Inventário de termelétricas, produzido pelo IEMA, indica que elas foram menos acionadas no ano passado do que em 2022, mas cada gigawatt-hora ficou mais poluído.

O parque termelétrico que injeta eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN) emitiu 4,8% a mais por gigawatt-hora (GWh) em 2023, em comparação ao ano anterior. Foram emitidas 671 toneladas de dióxido de carbono equivalente por gigawatt-hora (tCO2e/GWh) no ano passado, ante 641 tCO2e/GWh em 2022. Esse aumento aconteceu porque as usinas a carvão mineral, mais poluentes, operaram por mais tempo.

É o que aponta o 4º Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas, lançado na 5ª feira (19/12) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). O estudo também mostra que enquanto usinas a gás fóssil registraram queda de 20% na operação no ano passado ante 2022, as usinas a carvão tiveram aumento de 11%, destaca Nayara Machado na Agência Eixos.

Apesar do aumento de emissões por GWh, houve queda no acionamento das térmicas, o que resultou em uma redução de 10% nas emissões totais associadas à geração baseada em combustíveis fósseis. Isso devido a níveis suficientes de água em reservatórios para geração hidrelétrica e a ascensão de fontes renováveis. “Mas, em períodos de estiagem, como ocorreu em 2024, a geração dessa modalidade aumenta e, como consequência, as emissões são maiores também”, explicou Raissa Gomes, coordenadora do estudo e pesquisadora do IEMA.

Ao todo, as 67 termelétricas analisadas geraram 18 milhões de tCO2e, das quais 96% são provenientes de quase metade delas. Dez usinas responderam por 71% dos gases de efeito estufa, sendo metade delas alimentadas por carvão mineral e a outra, por gás fóssil. Sobre as usinas com os maiores níveis de emissões por GWh gerado, nove das dez piores são movidas a carvão.

Os dados do IEMA comprovam a ineficiência de usinas que empregam o carvão como combustível – em 2023 essa categoria de usinas teve média de eficiência de apenas 33%. A Região Sul é a maior emissora, com 45% das emissões inventariadas (8 milhões de toneladas de CO2e).

Vale lembrar que o Projeto de Lei 576/2021, que regula as eólicas offshore, foi aprovado na Câmara e no Senado com “jabutis” fósseis (matérias estranhas ao tema), entre eles a postergação dos contratos de termelétricas a carvão até 2050. Pela legislação em vigor, essa obrigatoriedade acabaria em 2028. Se o presidente Lula não vetar essa excrescência, teremos energia muito suja e mais cara por mais 22 anos.

 

 

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ClimaInfo, 20 de dezembro de 2024.

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