
A arrecadação do IBAMA com multas por crimes ambientais quase quadruplicou no ano passado em relação a 2023 e atingiu um valor recorde. O pagamento feito pelos autuados somou R$ 729 milhões em 2024. No ano anterior, o primeiro do governo Lula, o valor atingido foi de R$ 219 milhões.
As informações obtidas por André Borges na Folha mostram que a cifra de 2024 supera o total arrecadado durante os quatro anos da gestão Bolsonaro. De 2019 a 2022, o órgão ambiental federal arrecadou R$ 667 milhões. O valor do ano passado equivale ainda a 54% do orçamento total que o IBAMA teve no exercício, de R$ 1,35 bilhão.
O aumento na arrecadação de multas é reflexo de um esforço que a área de autuação ambiental tem feito, não apenas para retomar as fiscalizações, mas também para concluir processos e evitar que os mais antigos prescrevam. Historicamente, o IBAMA só consegue recolher uma média de 5% do valor total de multas que emite por ano. Em 2024, esse resultado saltou para 15,5% dos R$ 4,707 bilhões em multas ambientais aplicadas pelo órgão no período.
“É importante ampliar o resultado, mas o IBAMA não tem interesse de ser uma máquina de arrecadação de multas. No mundo ideal, elas deveriam cair. Nosso maior foco está na reparação do dano, na restauração ambiental, e essa é a nossa prioridade”, diz o presidente do órgão ambiental, Rodrigo Agostinho.
No fim da semana passada, o órgão ambiental recebeu sete novos helicópteros modelo AW119, chamados “Koala”, que fortalecerão a fiscalização ambiental, com foco no combate ao desmatamento, ao garimpo ilegal e a incêndios florestais, informam Um só planeta, Agência Gov, TV Brasil, Correio Braziliense, Veja, Pará Terra Boa e R7. Além disso, permitirão uma maior atuação em enchentes e outros desastres climáticos.
“A partir de 2ª feira [20/1] essas aeronaves estarão todas na Amazônia, cada uma num estado diferente, onde a gente vai conseguir fazer um trabalho muito forte tanto de fiscalização, de combate a garimpo ilegal, desmatamento e extração ilegal de madeira e ao crime organizado”, explicou Agostinho.
Em tempo: A Neocert, sediada em Piracicaba (SP) e credenciada para certificar o manejo de madeira em áreas de floresta e para validar a geração de créditos de biodiversidade, tem entre os sócios o dono de uma madeireira denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) e multada por IBAMA, ICMBio e Serviço Florestal Brasileiro (SFB) por supostas ilegalidades com toras extraídas na Amazônia, revela Vinicius Sassine na Folha. Entre os sócios da Neocert está a TMNH Participações, com sede em Belém, cujos diretores são Renato e Ricardo Batista Tamanho. Diversos empreendimentos na área de sustentabilidade, que atuam com projetos nesse setor, estão ligados à TMNH. Há ainda uma madeireira, a SAMISE Indústria, Comércio e Exportação, que tem Ricardo Tamanho como sócio. Os supostos crimes e infrações ambientais foram imputadas a essa madeireira.