Clima extremo amplia risco de fome na América Latina, incluindo o Brasil

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FAO

ONU alerta que três quartos dos países da região estão “altamente expostos” a eventos extremos, com riscos de impactos negativos sobre segurança alimentar das populações.

Os padrões de variação climática e a frequência de eventos climáticos extremos são os principais impulsionadores das tendências recentes de insegurança alimentar e desnutrição na América Latina e no Caribe (ALC). Isso faz da região a segunda do planeta mais exposta ao clima extremos, atrás apenas da Ásia.

É o que mostra a mais recente edição do relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutrição na América Latina e no Caribe”, divulgada semana passada por cinco agências da ONU. De acordo com o documento, pelo menos 20 países (74% das nações analisadas) enfrentam uma alta frequência desses eventos, indicando uma exposição significativa, e 14 (52%) são considerados vulneráveis, pois têm maior probabilidade de enfrentar um aumento da subnutrição devido a esses fenômenos, informa o Valor.

O relatório destaca que os eventos climáticos extremos “reduzem a produtividade agrícola, alteram as cadeias de suprimento de alimentos, aumentam os preços e afetam os ambientes alimentares”. Tudo isso ameaça “o progresso na redução da fome e da desnutrição na região”, destaca a Folha.

O estudo aponta que indivíduos cujos meios de subsistência são afetados por eventos climáticos extremos podem sofrer com redução de renda, relata o Valor. “Como resultado, as pessoas podem ser forçadas a modificar seus hábitos alimentares, ao reduzir tanto a quantidade quanto a qualidade de sua dieta, com a substituição de alimentos nutritivos por produtos altamente processados, comprometendo assim suas segurança alimentar e nutrição”, explica o relatório.

Em entrevista ao Valor, a diretora regional do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em Inglês), Lola Castro, disse que, em condições normais, o Brasil hoje está entre os três melhores países da região no que se refere a garantir a segurança alimentar de sua população, atrás apenas de Uruguai e Chile. No entanto, precisa melhorar tanto as suas iniciativas de preparação prévia a eventos extremos como a resposta aos desastres para que a segurança alimentar dos afetados não fique comprometida.

Como exemplo da exposição do Brasil ao clima extremo, Lola mencionou a tragédia do Rio Grande do Sul no ano passado, quando fortes chuvas causaram inundações em todo o estado e dificultaram o atendimento aos afetados. Por isso, ela pontua, é preciso ter as cadeias de abastecimento de alimentos bem planejadas com antecipação.

Globo Rural, Climatempo e Agência Brasil também repercutiram o relatório da ONU sobre clima extremo e insegurança alimentar na América Latina e no Caribe. 

Em tempo: À medida que a Europa fica mais quente, o número de pessoas que podem morrer com o calor extremo vai obliterar o dúbio benefício de invernos mais amenos no norte do continente, que deve levar a menos mortes por frio. Estudo publicado na “Nature Medicine” mostra que, na balança, o número de vidas perdidas no continente vai crescer com o aumento da temperatura, informam Bloomberg e Guardian. Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a subir, as temperaturas mais altas resultarão em cerca de 2,3 milhões de mortes extra até 2099 em 854 cidades europeias. Cidades da região do Mediterrâneo, incluindo Barcelona, Roma, Nápoles e Madri, sofreriam o maior aumento no número de mortes.

 

ClimaInfo, 3 de fevereiro de 2025.

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