
Depois de missão técnica em Belém, o secretário-executivo da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, conversou com representantes do governo federal em Brasília.
Em passagem por Brasília na 4ª feira (5/2), o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, conversou com representantes do governo federal sobre os planos do Brasil para a realização da COP30, na cidade de Belém (PA) em novembro. Além de reuniões com ministros, Stiell também se encontrou com organizações da sociedade civil brasileira.
No Palácio do Planalto, o chefe de clima da ONU se reuniu com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que apresentou os principais projetos do governo federal para a COP30. O ministro destacou os investimentos de mais de R$ 4,7 bilhões para obras de infraestrutura, saneamento e transporte, além dos esforços para expansão da rede hoteleira da capital paraense. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e a CEO da conferência, Ana Toni, também participaram do encontro.
Stiell também se reuniu com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Segundo a pasta, foram discutidos os desafios e os resultados esperados para a COP30, com foco na implementação dos compromissos negociados sob o Acordo de Paris.
Já nesta 5ª feira (6), o secretário-executivo da UNFCCC realizou uma conversa com representantes da sociedade civil e da imprensa brasileira. Ele elogiou a escolha de Corrêa do Lago para a presidência da COP30 e destacou a confiança na capacidade da diplomacia brasileira para destravar as negociações climáticas.
Sobre os riscos de retrocessos por parte de governos negacionistas, Stiell defendeu que a transição energética não pode mais ser interrompida. “Quando US$ 2 trilhões fluem para energia limpa e infraestrutura em apenas um ano, como aconteceu no ano passado, você pode ter certeza de que não é sinal de virtude. Os investidores sabem que a energia limpa faz muito mais sentido”, disse. AFP, Capital Reset, Estadão, Folha, O Globo, Reuters e Um Só Planeta deram mais detalhes.
A visita de Simon Stiell acontece duas semanas após a passagem de uma missão técnica de especialistas da UNFCCC em Belém, onde analisaram as obras de infraestrutura e a montagem dos espaços que serão utilizados na COP30. O grupo avaliou positivamente a preparação para a conferência, mas alertou para pontos como a baixa oferta de leitos e os preços abusivos para hospedagem.
A organização brasileira para a COP30 também foi abordada pelo francês Le Monde. Além dos desafios logísticos e de infraestrutura, a reportagem destacou as dificuldades associadas ao contexto geopolítico e econômico internacional, em especial a volta de Donald Trump ao poder nos EUA e a ofensiva negacionista global. Em entrevista ao jornal, Corrêa do Lago reiterou que acredita no sucesso da COP em Belém, apesar das dificuldades. A RFI trouxe os principais pontos da reportagem.
Em tempo: Ainda sobre a COP30, a definição de Corrêa do Lago para a presidência das negociações não terminou com as novelas em torno do evento. Uma última interrogação persiste: quem será o campeão (ou campeã) climático de alto nível da próxima COP? Os high-level champions, como são chamados em Inglês, são figuras importantes para o diálogo entre as negociações e atores estratégicos, como sociedade civil e iniciativa privada. O Capital Reset listou alguns dos cotados para o posto, como Elbia Gannoum (ABEEólica) e Marcello Brito (Fundação Dom Cabral).