Grandes emissores de gases-estufa enrolam para apresentar novas metas climáticas

China e União Europeia, por exemplo, têm até dia 10 para renovar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas sob o Acordo de Paris, que precisam ser mais ambiciosas.
6 de fevereiro de 2025
(WWF-Brasil)

Muitos dos maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta devem perder o prazo para apresentar suas novas metas climáticas, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) sob o Acordo de Paris. Pelo calendário da ONU, elas devem ser submetidas até 2ª feira (10). No entanto, com pouquíssimas exceções, muitos governos não cumprirão esse prazo e só deverão apresentar suas NDCs nos próximos meses.

Nações como Austrália, Canadá, China, Índia e a União Europeia estão entre os atrasados. Como o Financial Times destacou, pelas regras do Acordo de Paris, não há penalidade pelo descumprimento do prazo para submissão das novas NDCs. No entanto, o atraso aumenta a preocupação sobre a lacuna da ambição global contra a crise climática – ou seja, a diferença entre os cortes de emissões necessários para limitar o aquecimento global em 1,5oC e o que os governos estão efetivamente se comprometendo a fazer. 

No registro de NDCs da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), a listagem de países com novas metas climáticas é curta. Entre os grandes emissores, apenas Brasil, Estados Unidos e Reino Unido apresentaram seus novos compromissos – e, no caso americano, a promessa apresentada pelo ex-presidente Joe Biden já está morta e enterrada por conta da saída do país do Acordo de Paris pela gestão de Donald Trump.

Questionado sobre o atraso das NDCs, o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, afirmou que os países terão um tempo a mais para apresentar compromissos “de qualidade” para reduzir as emissões globais de carbono. “Faz sentido dedicar um pouco mais de tempo para garantir que esses planos sejam de primeira linha”, disse, citado pelo Climate Home.

Segundo Nick Mabey, do think tank E3G, o fator Trump é um dos motivos para o provável descumprimento generalizado do prazo de 10 de fevereiro pelos países. “Por causa do choque da presidência dos EUA e de todas as outras questões, não há muita atenção dos líderes sobre este assunto.”

Representantes da União Europeia alegam que o atraso não deve afetar a elevação do grau de ambição do bloco, mas não especificam uma data, assim como China e Índia. Já os governos do México e África do Sul trabalham com a possibilidade de apresentar suas novas metas a partir de julho.

A Folha publicou uma tradução da reportagem. 

  • Em tempo: O governo Trump comunicou o secretariado da ONU que cancelará o repasse de US$ 4 bilhões prometidos pela gestão Biden para o Fundo Climático Verde (GCF, sigla em Inglês), o principal instrumento de financiamento climático para os países em desenvolvimento. A medida é inédita, já que, em seu primeiro governo (2017-2021), Trump não suspendeu os repasses prometidos anteriormente ao GCF. Além de brecar doações financeiras, a Casa Branca também confirmou que não deve mandar o secretário de Estado, Marco Rubio, à reunião de ministros do Exterior do G20 na África do Sul, justificando, entre outras lorotas, que não concorda com o foco dessas conversas em clima. POLITICO e UOL deram mais detalhes.

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