Tempestades severas devem aumentar até 30% em SP e RJ na próxima década

Segundo especialistas em eletricidade atmosférica do INPE, alta incidência de raios em janeiro na capital paulista já é sintoma do agravamento desse tipo de evento.
12 de fevereiro de 2025
(Redes Sociais via METSUL)

Os temporais intensos registrados nas últimas semanas na cidade de São Paulo, eventos que vêm matando mais pessoas e causando mais transtornos na capital paulista, vieram para ficar. Segundo cientistas do INPE, a frequência de tempestades classificadas como severas, com alta carga de raios e ventos fortes, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, tende a crescer entre 20% e 30% de 2025 a 2034, na comparação com os dez anos anteriores.

Segundo os especialistas em eletricidade atmosférica do Instituto, a alta incidência de raios em janeiro na capital paulista já é um sintoma de um agravamento desse tipo de evento, informam O Globo e Olhar Digital. Para os pesquisadores, o fenômeno é impulsionado pelas mudanças climáticas e pela intensidade do El Niño – o superaquecimento das águas do Pacífico – que atuou sobre o clima do planeta até meados do ano passado.

De acordo com Osmar Pinto Jr., cientista do INPE que coordenou a pesquisa, mesmo levando-se em conta a margem de erro e a variabilidade dos modelos matemáticos usados no levantamento, é virtualmente certo que as tempestades severas vão aumentar. “Todos os nove modelos apontam aumento na frequência de tempestades severas, ainda que o tamanho do aumento projetado varie entre um modelo e outro”, explica o cientista.

O ano de 2024 ficou marcado pelo recorde da temperatura média global, que superou o limite de 1,5°C sobre os níveis pré-industriais estabelecido no Acordo de Paris, e houve anomalias também no regime de chuvas no mundo. Segundo a Folha, as precipitações foram acima da média e com distribuição irregular, castigando desproporcionalmente regiões como o sul da Ásia e a Austrália.

Segundo um relatório elaborado com dados preliminares da precipitação na Terra no ano passado, o planeta teve 2,9 mm de chuva por dia, em média – um aumento de 0,09 mm por dia em relação ao intervalo de 1983 a 2023 (2,81 mm). Os cientistas do Centro Interdisciplinar de Ciências do Sistema da Terra, da Universidade de Maryland, responsáveis pelo estudo, apontam que o número é um provável recorde. Quando considerada apenas a precipitação sobre as porções de terra, excluindo-se os oceanos, o aumento foi um pouco maior, de 0,1 mm por dia na média global.

Enquanto partes do oceano Índico, do sul da Ásia, do oeste do Pacífico e da Austrália ficaram mais úmidas do que o normal, a América do Sul esteve mais seca. Especialmente a Amazônia, que sofreu uma estiagem prolongada.

“Vemos a temperatura do Pacífico aumentar durante o El Niño e diminuir durante o La Niña. Mas, ao fundo, há um aumento gradual da temperatura, que é resultado das mudanças climáticas. Essa variabilidade natural está sendo intensificada pelo aquecimento global”, diz José Marengo, climatologista e coordenador de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), que não participou do estudo.

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