“Como em uma air fryer”: Brasil experimenta onda de calor extremo e prolongado

Áreas mais populosas do país devem torrar com temperaturas até 7oC acima da média de fevereiro, já costumeiramente quente por ser o auge do verão.
13 de fevereiro de 2025
(Copilot Designer IA)

O que acontece no verão 2024/2025 impressiona mesmo os brasileiros mais acostumados com o calor. Há poucos dias, cidades do extremo sul brasileiro registraram temperaturas de até 44oC. Agora, uma nova onda de calor – a quarta de 2025, segundo o coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas da USP, Tércio Ambrizzi – atinge as áreas mais populosas do país, elevando ainda mais as temperaturas. E as previsões indicam que não haverá refresco tão cedo.

Paraná, as regiões Sudeste e Nordeste e partes do Centro-Oeste devem sofrer com temperaturas até 7°C acima da já elevada média, já que fevereiro está no auge do verão, explica O Globo. A onda de calor pode durar dez dias e não deve ser seguida por alívio, já que a previsão é que o mês termine com temperaturas elevadas.

“Não há indícios de mudanças significativas no padrão atmosférico, o que significa que o calor extremo deve persistir”, explica a meteorologista Tatiane Felinto, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Há potencial de novos recordes de temperatura.

A sensação térmica pode superar 45°C em algumas áreas e chegar a 50°C,. mas seria muito improvável chegar aos 70°C, estimativa cogitada em posts nas redes sociais baseada numa tabela do Grupo de Climatologia Aplicada ao Meio Ambiente da Escola de Engenharia de São Carlos da USP. A umidade elevada intensifica a sensação de calor, mas o INMET, assim como analistas da Climatempo e da Tempo OK, descartam um valor tão extremo, informam UOL e CNN.

O calor no Brasil parece uma bolha turbinada por uma air fryer. Temporais, que podem atingir principalmente o Sul, relata o Metrópoles, deverão ser pontuais nas demais áreas do país, mas não diminuirão a potência do sistema de alta pressão. Mesmo assim, as temperaturas elevadas aumentam o potencial destrutivo das tempestades, a exemplo do que tem ocorrido em São Paulo.

Conhecido como anticiclone, o sistema impede a chegada de frentes frias e aumenta o calor. Age como um bloqueio atmosférico, comprimindo o ar e impedindo a formação de nuvens. Segundo o INPE, isso cria um efeito de retroalimentação: se não chove, o calor aumenta; e se o calor aumenta, a falta de chuva se agrava.

Além disso, os rios voadores da Amazônia, que costumam levar umidade da floresta para o Sudeste e Centro-Oeste, perdem água no caminho por causa do tempo seco e das altas temperaturas e chegam carregando mais calor do que chuva. O que contribui para o aumento das temperaturas, em vez de aliviar o calor, alerta o INPE.

Contudo, o que aparentemente é uma anomalia vai se configurando como o “novo anormal” provocado pelas mudanças climáticas, cuja principal causa é a queima de combustíveis fósseis. “Os relatórios do IPCC apontam que eventos extremos, como secas, frio, chuvas e ondas de calor já estão mais frequentes. Isso não é algo para o futuro. Já vemos acontecer agora mesmo”, destacou Marina Hirota, professora associada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), à Folha.

  • Em tempo: O calor extremo deste início de ano faz com que o Brasil bata recordes sucessivos de consumo de eletricidade, informa o SBT. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostraram que, às 14h42 de 4ª feira (12/2), a carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) chegou à marca histórica de 103,8 GW. No dia anterior, o ONS contabilizou 103,3 GW, enquanto no dia 22 de janeiro a carga atingiu 102,8 GW – todas marcas inéditas.

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