Debandada de empresas americanas chacoalha coalizão climática de bancos

“Efeito Trump” coloca na balança a Net-Zero Banking Alliance, formada para fomentar a descarbonização de investimentos e que pouco entregou desde sua criação, em 2021.
21 de fevereiro de 2025
(Montagem Climainfo / imagens Needpix e PNGHunter)

Criada com pompa e circunstância há quase quatro anos, como um incentivo para as negociações da COP26 de Glasgow (Escócia), a Net-Zero Banking Alliance (NZBA) vive hoje uma crise existencial, com a saída de várias instituições financeiras e a pressão política contrária do governo negacionista de Donald Trump nos EUA. 

Desde a vitória de Trump na eleição presidencial norte-americana, em novembro passado, várias instituições financeiras do país se desvincularam do grupo, como Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup, Bank of America e Morgan Stanley. A saída foi a culminação de anos de campanha negativa por parte do Partido Republicano nos EUA, que instrumentalizou os governos estaduais sob seu controle para perseguir investidores e bancos com compromissos ESG.

Sem a presença dos gigantes do setor financeiro norte-americano, os integrantes da NZBA discutem um caminho para o futuro. “É uma questão de sobrevivência para a coalizão”, disse Quentin Aubineau, analista da ONG BankTrack, ao Climate Home.

Um dos pontos de avanço potencial para o grupo está em uma de suas fraquezas mais latentes – a falta de efetividade de seus compromissos. Mesmo com as promessas de descarbonização, as instituições que integram a NZBA pouco ou nada avançaram na promoção de investimentos verdes e redução da pegada de carbono de seus portfólios de ativos.

“O NZBA está tentando escolher entre duas opções: diminuir a ambição novamente e tentar manter o máximo de bancos possível ou tentar fortalecer a orientação e seguir em frente com aqueles que estão realmente comprometidos”, disse Aubineau.

É o caso de um grupo de bancos asiáticos, que reforçou nesta semana seu compromisso com a iniciativa. Empresas sediadas em Singapura e Malásia, como DBS Group, Oversea-Chinese Banking Corp., Malayan Banking e CIMB Group afirmaram que seguirão trabalhando dentro do grupo pela manutenção de seus objetivos comuns de descarbonização. A Bloomberg deu mais detalhes.

Por outro lado, uma das instituições fundadoras da NZBA, o banco europeu HSBC, anunciou o adiamento de sua meta de reduzir a zero as emissões líquidas de carbono associadas às operações internas de 2030 para 2050, com o enfraquecimento subsequente de outros compromissos ambientais.

  • Em tempo 1: Na contramão de grandes empresas, a megamineradora Rio Tinto reafirmou em seu relatório corporativo que pretende seguir com seus objetivos net-zero. “Apesar do cenário político fragmentado, a descarbonização ainda pode ser um bom negócio”, disse o CEO da empresa, Jakob Stausholm, citado pela Bloomberg. Segundo ele, os projetos net-zero “aumentam o valor do nosso negócio ao reduzir nossa exposição a preços voláteis de combustíveis fósseis e custos mais altos de penalidades de carbono”.

  • Em tempo 2: Já no Reino Unido, uma nova iniciativa encabeçada pelo ex-presidente da COP26, Alok Sharma, pretende unir os bancos da cidade de Londres, empresas e formuladores de políticas públicas para aumentar o financiamento para descarbonização em projetos domésticos e internacionais. O Transition Finance Council pretende reposicionar a capital britânica como “um centro financeiro premente para o financiamento da transição”, disse Sharma. A notícia é da Bloomberg.

     

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