Falta de decisão do governo deixa INPE e CEMADEN sob direção interina

Dois dos principais órgãos de monitoramento de desastres naturais e pesquisas espaciais do Brasil, INPE e CEMADEN estão sem direção; governo ainda não definiu sucessores.
23 de fevereiro de 2025
inpe cemaden
Luara Baggi 9ASCOM/MCTI)

O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) estão sem gestores titulares. Na semana passada, o diretor do INPE, Clezio de Nardin, pediu exoneração do posto depois de completar o mandato de quatro anos, conforme definido no estatuto do órgão. No entanto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) não definiu a sucessão de Nardin, deixando o INPE sob uma gestão interina.

Clezio de Nardin assumiu o INPE em outubro de 2020, escolhido pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro depois da renúncia do então diretor Ricardo Galvão. Na época, o governo federal contestou a divulgação de dados sobre o desmatamento na Amazônia pelo INPE, que indicavam uma alta na devastação, provocando uma discussão pública com Galvão, que foi forçado a deixar o cargo.

Em entrevista ao g1, Nardin afirmou que o conselho técnico-científico do INPE informou o MCTI em maio do ano passado sobre a necessidade de um processo seletivo para a escolha da nova direção. No entanto, a demora do governo em iniciar a sucessão acabou precipitando a saída do diretor do INPE.

“Estava demorando muito. (…) Os quatro anos se encerraram em outubro do ano passado, então isso começa a criar uma ansiedade, porque as pessoas gostariam que fosse seguido o rito, então eu pedi para a ministra nomear a comissão de busca e pedi minha exoneração”, disse o agora ex-diretor.

Com a saída de Nardin, a direção do INPE está sob responsabilidade interina do tecnologista Antonio Miguel Vieira Monteiro, servidor de carreira do INPE e coordenador do Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais da Divisão de Observação da Terra e Geoinformação (DIOTG).

Já a comissão de busca será formada por Luis Manuel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do MCTI; João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); pelos cientistas Carlos Nobre (Universidade de São Paulo) e Luiz Bevilacqua (Universidade Federal do Rio de Janeiro); e Julio Shidara, da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil.

Como destacou o g1, a situação é ainda mais grave no CEMADEN. Desde abril de 2023, o órgão está sob direção provisória, depois da saída do ex-diretor Osvaldo Luiz Leal de Moraes. O processo sucessório só foi iniciado em julho de 2024, quando o MCTI criou uma comissão de seleção. Desde setembro passado, a ministra Luciana Santos tem uma lista tríplice de nomes para a direção do CEMADEN, mas nenhuma definição foi anunciada até agora. 

Desde então, a gestão do CEMADEN está a cargo de Regina Célia dos Santos Alvalá, que também é uma das candidatas ao posto. No último dia 17, a ministra Luciana Santos afirmou que a definição “não demorará” e que a nova direção do órgão será anunciada “o mais breve possível”.

Band e Folha também repercutiram a saída de Clézio de Nardin da direção do INPE.

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