Pesquisa comprova perda de biodiversidade e danos irreversíveis 10 anos após desastre de Mariana

Enquanto isso, a BHP afirma que mais de 400.000 atingidos não são elegíveis à compensação na ação movida na Justiça inglesa contra a mineradora.
27 de fevereiro de 2025
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Léo Rodrigues/Agência Brasil

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, um dos maiores desastres ambientais do mundo, completará 10 anos em novembro. No fim do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) absolveu a Samarco, responsável pela barragem, e suas acionistas Vale e BHP Billiton pela ruptura da estrutura. Mas os estragos ambientais e sociais permanecem.

É o que mostra uma pesquisa  da UFMG. Cientistas comprovaram que houve uma redução de até 50% no número de tipos de árvores adultas e de 60% para mudas nas áreas de mata ciliar do rio Doce, atingidas pelos rejeitos de minério da barragem, destaca o g1.

Os pesquisadores analisaram 30 pontos da mata em 12 municípios da bacia do rio Doce. Publicado na revista Anthropocene, da Universidade de Quebec, o estudo mostra que o impacto dos rejeitos se dá na composição e na diversidade de espécies vegetais.

“Não apenas diminui o número de espécies, mas também a capacidade da área de resistir às mudanças climáticas e a espécies invasoras. É um problema enorme em todo o funcionamento do bioma, porque muda a estrutura da vegetação. E muda o comportamento dos animais que dependem dessas plantas para sobreviver”, disse o responsável pelo estudo, Geraldo Fernandes.

A pesquisa destaca a necessidade de investimento em políticas públicas de fato eficientes na recuperação ambiental. Há ainda os aspectos sócio-econômicos, como garantir a sustentabilidade das comunidades afetadas.

Mas boa parte dos atingidos pela tragédia de Mariana poderão ficar a ver navios. A repactuação do acordo de reparação pelo rompimento da barragem, homologado pelo STF no fim do ano passado, não vai atender 60% das pessoas que participam da ação movida contra a BHP no Tribunal Superior de Londres, informam O Globo, O Tempo e Estado de Minas. Mais de 400.000 solicitantes não serão contemplados pelo acordo brasileiro, segundo informação divulgada pela empresa em seu balanço financeiro do segundo semestre de 2024.

A Pogust Goodhead, escritório que representa os 640 mil clientes que movem a ação contra a BHP em Londres, cruzou os dados e concluiu que apenas 233 mil clientes do total (36%) estão elegíveis ao acordo brasileiro. As estimativas do governo apontavam que entre 300 mil e 500 mil pessoas seriam beneficiadas.

Quem assinar o acordo brasileiro precisará abrir mão da ação na Inglaterra. As prefeituras têm até 6 de março para decidirem se aderem ao acordo ou continuam na ação inglesa. Mas prefeitos dos 23 municípios atingidos pelo rompimento da barragem já decidiram não aderir à repactuação no Brasil, relata o Estado de Minas. Os prefeitos reivindicam a renegociação dos termos para garantir uma reparação mais justa às comunidades afetadas.

Em outra frente da repactuação, o Ministério da Saúde anunciou a criação do Programa Especial de Saúde do Rio Doce. Serão investidos R$ 12 bilhões em ações direcionadas à população afetada, informam Agência Brasil e Poder 360.

A previsão é que R$ 3,6 bilhões sejam destinados a políticas e ações de competência direta do Ministério da Saúde, dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e dos municípios afetados. Os demais R$ 8,4 bilhões comporão um fundo patrimonial de natureza perpétua de modo a garantir a continuidade das ações para melhoria da saúde coletiva nesses municípios.

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