
Sem explorar uma só gota de petróleo e gás fóssil na foz do Amazonas, a Petrobras já integra um seleto grupo para lá de ruim para o planeta, agravando as mudanças climáticas. A petroleira brasileira é uma das 36 empresas de combustíveis fósseis que, juntas, responderam por mais da metade das emissões globais de CO2 equivalente em 2023. Isso de um total de 169 companhias, de diversos setores econômicos.
É o que mostra uma nova análise da Carbon Majors, banco de dados sobre emissões da think tank InfluenceMap, lançada na 4ª feira (5/3). Segundo o levantamento, os maiores produtores mundiais de petróleo, gás fóssil, carvão e cimento analisados aumentaram suas emissões entre 2022 e 2023. De todas as companhias avaliadas, 93 tiveram crescimento das emissões, destaca o estudo.
O documento mostra que as 36 principais empresas de combustíveis fósseis – que, além da Petrobras, incluem Saudi Aramco, Coal India, ExxonMobil, Shell e várias empresas chinesas –, produziram carvão, petróleo e gás responsáveis por mais de 20 bilhões de toneladas de CO2 em 2023. Se a Saudi Aramco fosse um país, seria o 4º maior poluidor do mundo, atrás apenas de China, Estados Unidos e Índia. Já a ExxonMobil é responsável pelas mesmas emissões que a Alemanha, o 9º maior poluidor do mundo, de acordo com os dados da Carbon Majors.
As empresas estatais dominaram as emissões globais em 2023, aponta o relatório. Das 20 maiores emissoras, 16 são estatais. No total, essas companhias foram responsáveis por 52% das emissões globais naquele ano. Quanto ao país, as empresas chinesas contribuíram significativamente mais do que as de qualquer outro país, produzindo 23% das emissões globais de CO₂ de combustíveis fósseis e cimento em 2023, mantendo a liderança que já tinham em 2022.
Os pesquisadores disseram que os dados de 2023 fortalecem a necessidade de responsabilizar as companhias de combustíveis fósseis por sua contribuição às mudanças climáticas, destaca o Guardian. Versões anteriores do relatório anual da Carbon Majors foram usadas em processos judiciais contra empresas e investidores.
“Apesar dos compromissos climáticos globais, um pequeno grupo dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo está aumentando significativamente a produção e as emissões. A pesquisa destaca o impacto desproporcional que essas empresas têm na crise climática e apoia os esforços para impor a responsabilidade corporativa a elas”, disse ao El País Emmett Connaire, analista sênior da InfluenceMap e coautor do estudo.Axios e Business Green também repercutiram o estudo.