
A maior aliança climática do mundo para bancos, a Net-Zero Banking Alliance (NZBA), está prestes a avaliar o abandono de uma meta outrora sagrada para o grupo, destaca a Bloomberg: a exigência de que os signatários alinhem seus portfólios ao Acordo de Paris, que limita o aumento da temperatura global a 1,5°C. Em vez disso, os membros teriam maior flexibilidade para adaptar suas metas climáticas aos mercados em que operam.
Os cerca de 130 signatários da NZBA, grupo que inclui o Barclays PLC e o UBS Group AG, receberão uma proposta para com a estratégia revisada por sua direção, de acordo com um membro do grupo que não quis se identificar. A partir daí, os participantes da aliança terão cerca de quatro semanas para aceitar ou rejeitar o plano, segundo a mesma fonte.
O presidente da NZBA, Shargiil Bashir, disse que a aliança está abordando a questão de “se e como responder às variações na ambição de políticas e regulamentações relacionadas ao clima entre países e regiões”. Serão consideradas as “diferenças regionais nas taxas de descarbonização” e “a lacuna crescente entre os caminhos de 1,5°C e a economia real em muitos setores e mercados”.
O movimento da NZBA está diretamente relacionado à chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e seus ataques à agenda climática. Hoje a aliança é menor, menos diversa geograficamente e menos influente após perder seus membros norte-americanos, já que os maiores bancos de Wall Street deixaram o grupo, um após outro. Bancos canadenses também seguiram o movimento, e há sinais de que os credores em outras regiões estejam esfriando em relação à aliança.
Ontem foi a vez da Nomura Holdings anunciar que está deixando a NZBA, informa a Bloomberg, juntando-se à sua parceira japonesa Sumitomo Mitsui. Com isso, o Mitsubishi UFJ Financial Group e o Mizuho Financial Group são os dois últimos megabancos do Japão restantes na aliança.
Financial Times e Business Green também repercutiram as mudanças nas regras da NZBA.
Em tempo: Enquanto isso, o greenwashing continua firme e forte no setor financeiro. O Sistema de Aposentadoria de Funcionários Públicos da Califórnia, maior fundo de pensão dos EUA, classificou mais de US$ 3 bilhões em participações em petroleiras, mineradoras de carvão e outros grandes produtores de gases de efeito estufa como investimentos favoráveis ao clima, mostra um relatório da California Common Good, uma coalizão de defensores ambientais e sindicatos do setor público. Participações na Saudi Aramco, Chevron e na carbonífera chinesa Inner Mongolia Dian Tou Energy estão entre as que o fundo rotulou como “soluções climáticas”, relata a Bloomberg.Já o JP Morgan, um dos maiores bancos do mundo e que também deixou a NZBA, está investindo mais de £200 milhões (R$1,4 bilhão) na Glencore, gigante da mineração com um histórico ambiental controverso. Mas o pior é que os investimentos estão sendo feitos por meio de fundos “sustentáveis” do banco, informam Guardian, Um só planeta e Impakter. Os investimentos indignaram ativistas ambientais, que apontam as violações cometidas pela Glencore, especialmente em suas operações na África do Sul.