
Ficou para o próximo semestre o 1º leilão que o governo federal pretende fazer para contratar sistemas de baterias para armazenamento de energia elétrica. Segundo o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, o processo está em fase final de ajustes.
Inicialmente, o MME pretendia promover a licitação para armazenamento elétrico em junho. Mas, de acordo com Barral, o ineditismo da contratação e o calendário repleto de leilões na área de energia neste ano levaram o evento para a segunda metade de 2025, informam Folha e Valor.
Além disso, a pasta precisa de mais tempo para analisar as contribuições da chamada pública em que recebeu contribuições para a portaria com as regras do leilão, explicou o secretário. “Pelo ineditismo, temos um dever de casa grande para digerir e buscar um desenho”, disse, acrescentando que o MME trabalha com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para avançar na regulação das soluções de armazenamento no sistema elétrico brasileiro.
Os sistemas de armazenamento poderão representar menores preços de energia elétrica para os consumidores nos médio e longo prazos, afirmou Barral. As baterias vão beneficiar principalmente fontes que não são capazes de gerar energia durante todo o dia, como a eólica e a solar.
Mesmo exaltando a importância dos sistemas de armazenamento, Barral disse que as baterias não substituem as termelétricas “em hipótese alguma”, destaca o Valor. Um sinal de que, apesar da ampla oferta de sol e vento no país, o governo vai insistir na expansão da energia suja e cara das usinas movidas a combustíveis fósseis.
-
Em tempo 1: Falando em expansão de energia cara e suja, as termelétricas a gás fóssil dominam com folga a lista de projetos cadastrados para o leilão de reserva de capacidade que será promovido neste ano. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 327 projetos, totalizando 74.073 megawatts (MW) de potência instalada. Desses, 228 são de usinas a gás fóssil, que somam 61.635 MW. Há ainda 87 projetos de térmicas a biocombustível (6.962 MW) e 12 projetos de ampliação de hidrelétricas (5.476 MW).
Em tempo 2: O IBAMA suspendeu a audiência pública sobre a UTE Brasília que estava marcada para ontem (12/3). Trata-se de uma termelétrica a gás fóssil de 1.470 MW a ser instalada pela Termo Norte Energia na capital federal, que não recebe gás e não tem água suficiente para a planta. A suspensão ocorreu por decisão da 9ª Vara Federal Cível da SJDF, com base no mandado de segurança coletivo impetrado pelo Instituto Arayara. O Arayara argumentou que houve erro na divulgação da data da audiência, inicialmente anunciada para 12 de fevereiro, o que teria gerado confusão e comprometido a participação popular. Embora o IBAMA tenha reconhecido o equívoco, a correção foi feita com apenas 16 dias úteis de antecedência, período considerado insuficiente para a análise do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), documentos que somam cerca de 4.000 páginas.
Em tempo 3: A energia elétrica foi a grande “vilã” da inflação em fevereiro, quando o IPCA ficou em 1,31%, resultado mais alto desde março de 2022 e o maior para o mês de fevereiro desde 2003, informa a Agência Brasil. A alta da energia elétrica, de 16,8%, foi o que mais pressionou o índice, com impacto de 0,56 ponto percentual. A explicação para a disparada da energia elétrica está no efeito estatístico causado pelo fim do Bônus Itaipu – desconto que os brasileiros receberam na conta de luz em janeiro e fez com que a inflação daquele mês ficasse em 0,16%.