Café, carne, frutas: crise climática afeta inflação de alimentos

Por trás dos altos preços está uma série de efeitos dos eventos extremos registrados no ano passado no Brasil e em outras partes do planeta, como a estiagem recorde.
13 de março de 2025
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Ramiro Furquim/Sul21

O brasileiro samba para fechar o mês com dinheiro ainda no bolso, o governo samba para lidar com o efeito na popularidade: a inflação tem sido a palavra da vez em conversas e na cobertura jornalística nas últimas semanas, mas nem sempre o debate climático vem a reboque. Nesta semana, alguns veículos destacaram o efeito das mudanças climáticas no preço dos alimentos.

O projeto Colabora lançou um especial explicando como os eventos extremos do último ano aumentaram os preços de café, azeite e frutas. “Todos os alimentos nos distintos sistemas alimentares brasileiros serão impactados pelas mudanças climáticas”, explica a professora Suzi Cavalli, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Lidar com variações climáticas é parte inerente do trabalho no campo. Porém, a frequência e a intensidade observadas hoje pegam um sistema alimentar despreparado, com poucas ou nenhuma medidas de adaptação para absorver a crise. “O calor ou a chuva em excesso reduzem a frutificação e, por vezes, causam o amadurecimento acelerado, o que pode levar a perda de safra e ainda gerar desperdício”, explica Franciele Cardoso, pesquisadora na área de insegurança alimentar e mudanças climáticas na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). 

No caso do café, a estiagem recorde de 2024 quebrou produções. “Vários dias com temperaturas muito altas alteram o metabolismo da planta, o que vai gerando estresse e a deixa mais suscetível a pragas e doenças”, explicou Rodrigo Junqueira Barbosa de Campos, 59 anos, engenheiro agrônomo e produtor de café, ao Colabora.

O Jornal das Dez, da GloboNews, também detalhou o efeito da crise climática na inflação em duas reportagens. “Uma geada intensa, a maior que tivemos, e uma seca que eu nunca tinha visto”, descreveu o produtor de café Guilherme Geraldo Rocha. “No pasto, cada animal custa 75 reais por mês ao produtor. Mas esse valor dispara quando a seca se prolonga, exatamente o que aconteceu no ano passado”, contou o repórter Erick Rianelli. “O pasto depende de chuva, a água depende do clima, não muito seco, para eu ter condições de forragem e engordar o animal. Se eu não tenho pasto, preciso comprar grãos, que é mais caro”, explica Thiago Bernardino, coordenador de pecuária da CEPEA/ESALQ-USP.

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