Por que combater a desinformação climática é essencial em ano de COP no Brasil?

O combate à desinformação climática é essencial. Ameaças e riscos de informação corroem a confiança pública, dificultam a tomada de decisões baseadas em evidências.
25 de março de 2025
  • Diana Sampaio, Coordenação Digital do ClimaInfo
desinformação climática
Canva

Na Cúpula de Líderes do G20, em novembro de 2024, no Rio de Janeiro, o governo brasileiro, a ONU e a UNESCO lançaram a Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima. Com a adesão inicial de outros seis países – Chile, Dinamarca, Reino Unido, França, Suécia e Marrocos –, a mobilização tem como objetivo principal fortalecer pesquisas e medidas para combater a desinformação climática.

O combate à desinformação climática é essencial. Ameaças e riscos de informação corroem a confiança pública, dificultam a tomada de decisões baseadas em evidências e prejudicam os esforços para lidar com a emergência climática, destaca a organização do “Climate Information Integrity Summit”, evento realizado em Brasília em 25 de março que reuniu especialistas para discutir as falhas no ecossistema de informações sobre o clima e propor ações para a proteção dessas informações.

Mas, no ano em que o Brasil será o anfitrião da COP (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), combater a desinformação climática se torna ainda mais necessário. Principalmente porque a COP30 dá ao país uma oportunidade única de assumir a liderança no combate à emergência climática global rumo à transição energética justa que tanto almejamos – e precisamos, se quisermos sobreviver neste planeta.

Veja CINCO IMPORTANTES MOTIVOS para garantir a integridade da informação climática:

  1. Influência nas decisões globais: A COP é um fórum em que líderes mundiais, organizações ambientais e especialistas se reúnem para negociar compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa e políticas climáticas. A desinformação pode minar essas discussões, desacreditando dados científicos e retardando ações cruciais para combater as mudanças climáticas.
  1. Papel do Brasil: Como um grande emissor de gases de efeito estufa, o Brasil possui um papel fundamental nas negociações internacionais de clima. Se informações erradas ou manipuladas circularem, isso pode prejudicar a imagem do país no cenário global, além de atrasar políticas internas que podem mitigar o impacto das mudanças climáticas no país.
  1. Mobilização pública e pressão política: A desinformação climática pode confundir a opinião pública, dificultando a mobilização da sociedade para pressionar governos e empresas a adotarem medidas mais eficazes no combate à crise do clima. A conscientização baseada em dados reais e evidências científicas é crucial para engajar a população e criar uma pressão popular para ações climáticas mais ambiciosas.
  1. Proteção das áreas mais vulneráveis a eventos climáticos extremos: Todo o planeta está ameaçado pelas mudanças climáticas, mas algumas regiões são particularmente mais vulneráveis aos eventos extremos causados pela crise climática. A desinformação pode levar a uma falta de compreensão dos impactos reais que as mudanças climáticas podem ter nessas áreas, enfraquecendo políticas de proteção ambiental e de adaptação, e dificultando o acesso a recursos financeiros para lidar com os impactos climáticos.
  1. Desafio das fake news: Em um mundo totalmente conectado, a proliferação de fake news se dá numa velocidade difícil de ser acompanhada. Especialmente porque grupos contrários a políticas climáticas são bem organizados para difundir informações incorretas ou tendenciosas. A única forma de combater as fake news é fortalecer a integridade da informação climática e acelerar sua disseminação, para garantir que as decisões tomadas, tanto em nível global quanto nacional, sejam baseadas em dados corretos e confiáveis. E também para fortalecer o conhecimento científico junto à opinião pública.

COMO COMBATER A DESINFORMAÇÃO CLIMÁTICA? 

  1. Fortalecimento da mídia e fact-checking (checagem de fatos por agências especializadas).
  2. Educação climática nas escolas e campanhas públicas.
  3. Popularização do conhecimento sobre clima, com linguagem acessível e didática.
  4. Transparência de dados científicos sobre as mudanças climáticas, suas causas [queima de combustíveis fósseis, uso do solo, desmatamento], suas consequências [secas e chuvas extremas, ondas de calor] e como combatê-las [eliminar os combustíveis fósseis e o desmatamento, restaurar áreas desmatadas etc.]
  5. Regulação de plataformas digitais para reduzir a viralização de fake news.
  6. Diálogo com setores estratégicos (agro, energia, indústria) para alinhar os objetivos econômicos  ao conhecimento científico sobre clima e meio ambiente.

A tarefa não é fácil. Afinal, a disseminação da desinformação climática se dá de forma rápida e virulenta, e recuperar os estragos leva tempo. Mas tanto a iniciativa de países liderados pelo Brasil como movimentos da sociedade civil para garantir a integridade da informação climática provam que essa ação não apenas é fundamental para combater a crise do clima, como possível. 

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