Recorde de calor faz demanda por energia crescer em 2024, mostra IEA

Clima mais quente provocou aumento do uso de tecnologias de resfriamento, que consomem muita eletricidade, e muitos operadores supriram demanda extra queimando carvão e gás.
25 de março de 2025
recorde de calor iea
IEA

As fontes renováveis crescem rapidamente em todo o planeta, com recordes sucessivos de implantação a cada ano e peso cada vez maior no suprimento de eletricidade. Só que o calor recorde de 2024 pressionou a demanda por energia, que aumentou 2,2%, mais do que a elevação média de 1,3% anuais de 2013 a 2023. Resultado: a expansão renovável não foi suficiente para suprir a demanda extra, e houve aumento da geração elétrica por carvão e gás fóssil.

É o que mostra a última edição do Global Energy Review, lançado pela Agência Internacional de Energia (IEA) na 2ª feira (24/3). O aumento da demanda energética em 2024 foi menor que o crescimento do PIB, de 3,2%. E foi puxado pelo setor elétrico, já que o consumo de eletricidade aumentou quase 1.100 terawatts-hora, ou 4,3% – quase o dobro da média anual da última década.

Economias emergentes e em desenvolvimento responderam por mais de 80% da demanda energética global no ano passado. E os países desenvolvidos, após anos de declínio no consumo de energia, também registraram crescimento em 2024, com a demanda aumentando quase 1%.

O uso crescente de tecnologias de resfriamento, como ar condicionado, em resposta ao calor extremo, foi um fator-chave no crescente apetite por eletricidade, relata o Climate Home News, especialmente na China e na Índia, países que são grandes consumidores de energia a carvão, explicou a agência. Com o maior uso de resfriamento, que consome muita eletricidade, muitos operadores supriram a demanda adicional queimando carvão e gás fóssil.

O New York Times chama atenção para esse círculo vicioso: um planeta mais quente exige mais energia para resfriar casas e escritórios, e o que está prontamente disponível é eletricidade de combustíveis fósseis, o que leva a mais emissões de gases de efeito estufa, que pioram as mudanças climáticas e aquecem o globo. A dinâmica que muitos países esperam interromper com a expansão das fontes renováveis e até mesmo com a construção de usinas nucleares, que têm alto risco operacional, mas emissões zero.

No ano passado, 80% do aumento na geração global de eletricidade foi fornecido por fontes renováveis ​​e nucleares, que contribuíram com 40% da geração total pela primeira vez, destaca a Earth. Mas o fornecimento de geração a gás fóssil também aumentou de forma constante.

Por outro lado, a IEA informa que cada vez mais a economia global cresce mais do que as emissões de carbono. “Se quisermos encontrar o lado positivo, vemos que há um desacoplamento contínuo do crescimento econômico do crescimento das emissões”, disse Fatih Birol, diretor executivo da agência.

Assim, as temperaturas recordes contribuíram significativamente para o aumento anual de 0,8% nas emissões globais de CO2 do setor energético no ano passado, para 37,8 bilhões de toneladas. Mas a implantação de energia solar, eólica, carros elétricos e bombas de calor desde 2019 agora evita 2,6 bilhões de toneladas de CO2 anualmente, o equivalente a 7% das emissões globais, destaca a IEA.

SustainableViews, E&E News, Wall Street Journal, Business Green, Financial Times e Euronews também repercutiram o novo relatório da IEA.

  • Em tempo: Quando a IEA previu em 2023 que a demanda por petróleo diminuiria, levantou dúvidas por sua perspectiva. Enquanto outros analistas viam um provável aumento na demanda de 2 milhões de barris por dia, a IEA projetou menos da metade disso, pouco menos de 1 milhão. A projeção indignou a indústria do petróleo e fez com que um grupo de legisladores republicanos dos EUA de estados produtores de petróleo enviasse uma carta à IEA no ano passado. O texto acusou Birol de transformar a agência em "uma líder de torcida da 'transição energética'" e sugeriu cortar o financiamento dos EUA para a IEA.

    Só que o Global Energy Review mostrou que a demanda global por petróleo em 2024 cresceu pouco menos que 1 milhão de barris por dia, como os analistas da agência projetaram. "Dizemos na IEA, 'Dados sempre vencem'", disse Birol, acrescentando uma curta palestra para seus críticos, destaca a Newsweek. "Em nosso mundo hoje, onde tantas incertezas geopolíticas persistem e há tantas narrativas diferentes sobre energia movidas por diferentes motivações, acreditamos que é importante ter dados reais e discutir questões energéticas com base em dados objetivos reais."

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar